sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


Jaime Cimenti

Sete ou oito maneiras de ler o romance do Esdras

Na apresentação de seu 14o romance, o escritor e professor Esdras do Nascimento enuncia as sete ou oito maneiras de ler a obra A Rainha do Calçadão, Opus 14, lançada há poucos dias. Esdras iniciou na literatura em 1963 com o romance Solidão em família e sua carreira de quase 50 anos, de escritor e ministrante de oficinas literárias, conta com títulos premiados como Lição da noite (Melhor Romance do Ano, APCA 1998) e romances do porte de Minha morte será manchete, de 1994.

Os personagens da narrativa são a cidade do Rio de Janeiro, com todos os seus mistérios, beleza, fascínio, desafios e desgraças, e os grupos sociais que dentro dela se movimentam, em círculos equidistantes. As protagonistas são todas mulheres e se movimentam no giro dos grupos. Típico romance urbano carioca, na linha da Manuel Antônio de Almeida, Lima Barreto, Machado de Assis e Marques Rebelo.

Tímidas, ousadas, incompetentes, inconsequentes, interesseiras, generosas, honestas, desonestas, fracassadas, lindas e feias, bem-sucedidas profissionalmente, elas marcam presença nas histórias, com suas ansiedades, suas arrogâncias, seus sonhos, acertos e desacertos afetivos e existenciais.

O texto tem arquitetura sofisticada, com narrativas que alteram primeira e terceira pessoas, mesclando passado e presente, objetividade jornalística, análise psicológica, enfoque político e técnicas literárias bem elaboradas.

São sete ou oito romances em um. Na apresentação do romance, Adriana Riva escreve: “Amor e paixão, intensidade, casamento, fotografia, casa própria, segredos e mentiras. Novamente, homens e mulheres. A arte nutre-se do que há. Assim caminha a humanidade, assim constrói-se a literatura. As exigências reclamam o novo. Mil e uma maneiras de ser diferente. Prazer e dor. Criação.

Quando não se sabe as respostas, recomenda Walter, com W, mudam-se as perguntas.” Simples, não? A galeria de personagens de Esdras retorna com força em A Rainha do Calçadão, Opus 14. Presentes nos lugares certos, na hora certa, revigoram o romance e a literatura. Depois de conviver com eles, como esquecê-los?

Muito mais não é preciso acrescentar. Como se vê, cada leitor poderá aventurar-se do modo que lhe der mais prazer. Editora Global, 422 páginas, apresentação de Adriana Riva, www.globaleditora.com.br.

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