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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
13 de janeiro de 2012 | N° 16946
ARTIGOS - Isaac Newton Castiel Menda*
O guard-rail da Ipiranga
Anualmente, antes do Natal, os noticiários da televisão entrevistam pessoas em todo o mundo perguntando a respeito de seus desejos. Nos países chamados de Primeiro Mundo, as aspirações são banais, como uma troca de carro, mesmo que o veículo seja daquele ano. Uma piscina maior na casa, um telefone moderno, uma boneca que é quase um robô etc.
Aqui no Brasil, as vontades são sempre as mesmas: ganhar o primeiro carro, adquirir a casa própria, objetos, aliás, que para a população do Primeiro Mundo, são desnecessários.
Enquanto trabalhamos e batalhamos para obter nossas coisas essenciais, discute-se a instalação de guard-rail na Avenida Ipiranga, visando à proteção dos ciclistas na ciclovia ora em instalação. Trata-se de guard-rail feito de eucalipto, imitando uma cerca de fazenda ou algo similar.
Diversos arquitetos já se mostraram contrariamente a esse tipo de proteção, com as mais diversas alegações: estética, durabilidade, falta de proteção efetiva etc. E, nesse sentido, o senhor prefeito municipal manifestou-se a respeito da possibilidade de consulta popular.
Ora, com tantos assuntos importantes e pendentes em nossa cidade, estamos desperdiçando nosso tempo discutindo sobre uma cerca, de madeira ou não, na Avenida Ipiranga. Vamos tratar da saúde! Vamos tratar de educação! Vamos tratar de segurança! Deixem instalar a cerca de madeira.
O assunto guard-rail na Ipiranga, para proteção dos veículos automotores, vem sendo discutido há anos. Mensalmente cai um carro no Arroio Dilúvio, inclusive com mortes. Esses guard-rails, tão necessários para nossa segurança e proteção, não são instalados. No momento em que são colocadas proteções para os cliclistas (não importa se é de madeira), abre-se um clamor de “forças vivas da sociedade”.
Mensalmente, aparecem em nossas ruas milhares de novos veículos e as vias continuam as mesmas. Devemos discutir uma política de tráfego. Os postos de saúde estão precários. Devemos discutir uma política de saúde. Menores abandonados e perambulando pelas ruas. Devemos discutir uma política de educação. Acresce-se a isso a quantidade de pessoas desabrigadas e largadas, vivendo sob marquises.
Acredito que está na hora de o povo brasileiro exercer sua cidadania, pleiteando e exigindo do poder público o trinômio básico e tão carente: saúde, educação e segurança. Quando tudo isso funcionar a contento, então vamos falar de cercas de madeira.
*Advogado
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Um comentário:
Concordo com seu comentário ao final do texto da cronica sobre guardrail na ciclovia: poder publico deve se preocupar com aquele trinômio.
Ainda mais que esta ciclovia, se for utilizada, parece mais voltada a um determinado nível social. Em bairros onde a bicicleta realmente é necessária por ser o único meio de transporte possível, já que até passagem de ônibus é cara para aquela população, não se fala em ciclovia. E a que existia na Goethe está lá, abandonada.
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