quinta-feira, 12 de janeiro de 2012



12 de janeiro de 2012 | N° 16945
PAULO SANT’ANA


Os pósteros

Estreou terça-feira no programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, apresentado nas manhãs pelo Antônio Carlos Macedo, o escritor Fabrício Carpinejar, que participará às terças, sextas e sábados.

Se tiver 10% do sucesso que tive no mesmo horário nesses últimos 40 anos, será um estrondoso sucesso.

Não acredito que alcance 300% da audiência que tive, façanha só alcançada na Gaúcha pelo saudoso Carlos Nobre, no seu célebre programa humorístico Campeonato em Três Tempos.

Estava nervoso o Carpinejar em sua estreia, é normal nesses artistas acostumados a escrever em jornais quando empunham pela primeira vez o microfone. Mas, com o tempo, ele vai se acostumando e seu talento triunfará.

É um grande tipo este Fabrício Carpinejar. Ele é um expoente dos 20 artistas que escalaram para vir, quem sabe, a me substituir, quando eu porventura abotoar o paletó, do que há agora veementes indícios.

Quando pararem todos os relógios da minha vida e a voz dos necrológios gritar no noticiário que eu morri, um dos 20 que escalaram para ser meu substituto póstero deixará de fazer suas paródias e se tornará meu original substituto.

Até lá, fica por conta dos meus achaques e das minhas tonturas, amanhã me submeto a mais uma das minhas 23 cirurgias dos últimos 40 anos, tirando de meu peito um port-a-cath, obra do cirurgião Márcio Boff e do anestesista Egídio Portela.

Toma, doutor, esta tesoura e corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu corpo depois da minha morte.

Como escrevo sobre comida, os leitores de vez em quando me mandam doces ou salgados.

Ontem, uma funcionária do setor administrativo de Zero Hora me trouxe um doce mil-folhas enviado por um leitor. A funcionária me disse: “Um leitor mandou-te dois mil-folhas, estou te trazendo só um porque me deu uma vontade louca e devorei o outro”. Tudo na vida é tributado, mas essa menina tributou os meus mil-folhas em 50%, mais do que os 27,5% cobrados pelo imposto de renda. É demais.

Perguntam-me os leitores: e o centroavante do Grêmio para este 2012?

Tenho uma tese, modéstia à parte muito talentosa: não é necessário um centroavante para formar um ótimo time. O Barcelona não tem centroavante e é o melhor time do mundo.

Os dois melhores centroavantes que o Grêmio teve nos últimos 30 anos foram André Catimba e Caio, aquele da nossa Libertadores e do mundial de 83 em Tóquio.

Nenhum dos dois foi o goleador do Grêmio, mas todos os gols do Grêmio passaram, eu escrevi todos, pelos pés deles.

Assim, não são necessários centroavantes e ponteiros, o que é imprescindível é que jogadores passem sempre, e todos os ataques, pelas pontas e pela centroavância. Assim, estou muito curioso sobre como se comportará taticamente o treinador Caio Júnior.

O Barcelona não tem centroavante nem ponteiros, mas em todos os seus gols há jogadores que participam das jogadas pelo centro do ataque e pela pontas.

Dou de graça essa aula de futebol.

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