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terça-feira, 10 de janeiro de 2012
10 de janeiro de 2012 | N° 16943
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Uma injeção de otimismo
De vez em quando o país recebe uma injeção de otimismo. Agora foi o anúncio de que somos a sexta economia do mundo, no conceito do PIB, superior à da Inglaterra.
Até 2015, segundo as projeções mais recentes do FMI, devemos ultrapassar a França. Isso não é nenhum milagre. Moeda forte, inflação baixa e disciplina fiscal concorrem para sobressairmos numa época em que a Europa vive uma crise de estagnação.
Hoje, conta a Veja desta semana, são os europeus e os americanos que buscam atrair a ajuda financeira do Brasil.
Isso não significa que superamos todos os nossos desafios. É também a revista, que fez uma pesquisa sobre como o Brasil é visto em 18 outras nações, que pondera que serão necessárias décadas até que o país alcançar um padrão de vida similar ao das sociedades desenvolvidas.
Se o crescimento de hoje deixa o Brasil mais atraente aos investidores internacionais, se instauramos um regime de responsabilidade fiscal, ainda nos custará sangue, suor e lágrimas para superar as imensas desigualdades sociais.
Basta percorrer a periferia de uma grande cidade para constatar a enormidade de problemas que desafiam os governantes e, antes deles, a própria sociedade.
O que vemos são amontoados de subabitações, órfãos de educação, saúde, transporte, segurança. O que constatamos são o abandono, a angústia e a desesperança.
Mesmo nas cidades mais ricas o quadro é o mesmo. Miséria, analfabetismo, doença e fome. Os programas do governo federal, como o Bolsa-Família, apesar de bem intencionados, não conseguem enfrentar de todo reptos gigantescos.
Hoje os brasileiros aparecem, lembra a revista, entre os maiores consumidores mundiais de carros, computadores e telefones celulares. Isso não significa no entanto que o país tenha-se transformado em uma nação desenvolvida.
Fazemos parte desse incerto território que hoje merece o nome de países emergentes.
Dizem que o Brasil terá o padrão de nações europeias dentro de 10 ou 20 anos.
O objetivo é desejável e os novos números do PIB, animadores.
Mas precisamos especialmente de uma consciência de responsabilidade social que elimine ou reduza diferenças, tornando-nos um país que deixe a humilhante posição de octogésimo-quarto colocado no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano.
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