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quinta-feira, 10 de novembro de 2011
10 de novembro de 2011 | N° 16882
PAULO SANT’ANA
Juntos, mas separados
Fiquei pensando durante 30 dias e cheguei a uma conclusão: as pessoas que mais me adoram são as que vivem longe de mim.
Como haveriam de me adorar as pessoas que vivem perto de mim? Não há nada pior na vida que o atrito da convivência.
Tenho um amigo que me adora porque vive afastado de mim. Mas dá uns acessos nele de saudade de mim e ele me telefona: “Preciso te ver, mas nosso encontro não durará mais de 30 minutos”.
O meu amigo sabe que, se ele conversar comigo no bar durante mais de meia hora, começarão os nossos atritos, as nossas incompreensões. Acabará ele saindo do bar rompido comigo.
Não há nada mais impropício no mundo que a proximidade. Os filósofos afirmam que o homem é um ser gregário, isto é, que precisa dos outros para sobreviver.
Mas ser gregário é ao mesmo tempo sublime e trágico. Sublime porque a proximidade acarreta o amor, a amizade etc.
Só que é também a proximidade que acarreta a inimizade, o rancor e o ódio.
Por isso tantos leitores me mandam agradecer por terem seguido meu conselho de dormirem em camas ou quartos separados de seus maridos ou esposas.
Estou escrevendo isso porque me telefonou ontem uma leitora de Lagoa Vermelha (RS) e me disse o seguinte: “Muito obrigada, Paulo Sant’Ana, tu salvaste o meu casamento ao sugerir que eu dormisse separada de meu marido. Foi um santo remédio, Sant’Ana. Nós passamos a dormir em camas separadas.
E sabe o que aconteceu? Tu não vais acreditar. Pois só agora meu marido voltou a fazer sexo comigo. É incrível, mas quando dormíamos na mesma cama, já tínhamos nos enfarado um do outro.
Não dá para crer que somente dormindo em camas separadas é que conseguimos nos unir temporariamente, para fazer amor, numa só cama. Até nos permitimos um regalito: um dia é sexo na cama dele, outro dia é sexo na minha cama. Tu és sensacional, Paulo Sant’Ana. Muito obrigado, do fundo do coração!”.
Se possível, para gáudio do amor e da sobrevivência do casamento, morem em casas separadas. Como eu sempre digo, morem em ruas ou bairros diferentes, mudem-se para outra cidade, salvem seus amores e seus casamentos!
Em outras palavras, permaneçam casados, mas vivam separados.
É coisa muito séria a fricção entre as pessoas, o risco de atrito de quem está próximo.
Por isso, para evitar essa fricção, é que, em determinada época de sua vida, Jesus Cristo separou-se de seus apóstolos e foi sozinho para o deserto, onde permaneceu por 40 dias, se não me engano alimentando-se de mel.
Se Cristo separou-se temporariamente de seus apóstolos, por que não o farão os cônjuges?
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