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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Fogueira de promessas
Mudança em curso na economia pode alterar cenário que tem favorecido candidatos da situação neste ano
GILBERTO Kassab, em São Paulo, Leonardo Quintão, em Belo Horizonte, e Fernando Gabeira, no Rio, confirmaram, no Datafolha publicado ontem, a ascensão iniciada pouco antes do primeiro turno. Estavam atrás de seus oponentes, conseguiram reverter a desvantagem já em 5 de outubro e aparecem, a uma semana do pleito decisivo, na liderança das intenções de voto.
Com pelo menos dez pontos de vantagem sobre seus adversários, a situação do paulista Kassab, do DEM, e do mineiro Quintão, do PMDB, é relativamente confortável. Já a disputa na capital fluminense, onde a diferença entre Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB) persiste dentro da margem de erro, promete seguir acirrada -talvez até a votação.
Das pesquisas nas três metrópoles do Sudeste, o favoritismo do jovem Leonardo Quintão, 33, é o fato mais surpreendente e significativo em termos de repercussão política.
O peemedebista frustrou, até aqui, a expectativa de uma vitória fácil do candidato da situação, Marcio Lacerda (PSB), apoiado pelo atual prefeito, Fernando Pimentel (PT), e pelo governador Aécio Neves (PSDB).
Pimentel conta com a vitória de Lacerda, nome imposto contra a vontade de caciques petistas, para disputar o governo do Estado em 2010.
A aliança informal com o PT também é uma cartada de Aécio -de cujo governo Lacerda era secretário- em sua disputa subterrânea com o governador José Serra pela candidatura tucana à Presidência daqui a dois anos.
Quintão, em BH, e Gabeira e Paes, no Rio, são exceções que confirmam a regra do continuísmo que prevalece nesta rodada de eleições municipais, tendência que tem chances de ser mantida com José Fogaça (PMDB) em Porto Alegre e com João Henrique (PMDB), atual prefeito de Salvador.
O curioso é que os motores responsáveis pelo grande sucesso das chapas situacionistas neste ano estão prestes a perder o ímpeto.
A vigorosa alta nas receitas municipais, decorrente do crescimento econômico e de uma melhora na arrecadação de tributos locais, permite aos governos terminar seus mandatos ostentando uma quantidade de obras e programas novos que há muito não se vê no Brasil.
A partir de 2009, contudo, é muito alta a probabilidade de essa realidade mudar para pior. A desaceleração da economia vai afetar as contas públicas em todos os segmentos federativos.
Os serviços, base da expansão da receita em muitas cidades grandes, costumam ser os primeiros itens a sofrer cortes num ambiente de diminuição do crescimento.
O fenômeno terá duas implicações diretas nas expectativas que se estão formando com as eleições dos novos prefeitos.
Em primeiro lugar, vão sofrer menos as prefeituras cujo mandatário não se deixou inebriar pela bonança e geriu com cautela seus níveis de gasto e endividamento.
Mas o impacto mais drástico dessa mudança de cenário será sobre as promessas de campanha.
Se o exagero já é habitual nesse campo, o oba-oba da economia e das receitas em alta despertou o espírito dos faraós em muitos candidatos favoritos. O contribuinte vai, literalmente, pagar para ver. Ou para não ver.
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