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quinta-feira, 23 de outubro de 2008
CLÓVIS ROSSI
Corre, mundo, corre
MADRI - Na segunda-feira, 13, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva puxou uma cadeira de ferro no jardim do "Cigarral de las Mercedes", o mais luxuoso salão de festas de Toledo, onde almoçara, pronto para uma entrevista coletiva.
Comecei perguntando se seu governo entraria na onda de estatizações de bancos então recém-inaugurada na Europa e nos Estados Unidos e fechei com uma provocação, ao lembrar que era isso, mais ou menos, o que o PT de antigamente defendia. Lula sorriu, mas não caiu na provocação.
Demorou um tempão até chegar à seguinte frase: "Depende, depende, depende se tiver um banco numa situação que avaliarmos que precisa".
Mas, antes, o governo estimularia outros bancos a comprar a carteira de quem estivesse em apuros e/ou atuaria via redesconto do Banco Central.
Bom, ontem, apenas nove dias depois da conversa em Toledo, o "depende" acabou. É mais uma demonstração de que a crise é de uma velocidade e de uma voracidade assustadoras.
Prova-o o fato de que, na mesma entrevista, Lula jurou que "tudo vai ser mantido", sendo o "tudo" as obras e investimentos programados pelo governo. Anteontem, acabou admitindo que nem "tudo" vai ser mantido.
A velocidade pede que Lula seja otimista, como deve ser, mas menos vezes por dia. Não desgastaria a sua palavra e o seu otimismo.
Título da coluna de Martin Wolf ontem reproduzida pela Folha: "Mundo desperta do sonho do descolamento". Wolf é o mais badalado colunista do mais badalado jornal financeiro do planeta, o "Financial Times".
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