segunda-feira, 13 de outubro de 2008



13 de outubro de 2008
N° 15757 - PAULO SANT’ANA


Tisnou o olho da gateada

Maria do Rosário passou dos 22% de votos válidos que obteve no primeiro turno para 44% na pesquisa do Ibope para o segundo turno. Ou seja, aumentou em 100% a sua votação.

Ninguém esperava que Maria do Rosário fosse dobrar assim de votação do primeiro turno, a acreditar-se no Ibope.

Sem dúvida, que este é o dado mais impactante da pesquisa ontem divulgada.

Isso quer dizer, volto a afirmar, acreditando-se no Ibope, que um efeito manada verificou-se no eleitorado: a maioria dele bandeou-se para Maria do Rosário.

Ou seja, Fogaça cresceu, é lógico, também: passou dos 44% que obteve no primeiro turno para 56% agora. Cresceu 12 pontos percentuais.

Mas Maria do Rosário cresceu 22 pontos percentuais, quase o dobro do crescimento de Fogaça.

Digamos assim que, antes do debate de ontem, tisnou o olho da gateada.

Vou aos shoppings e aos parques da cidade e a população porto-alegrense parece que está completamente desligada da crise financeira internacional.

Os negócios todos estão andando, inclusive os imobiliários e os de vendas de carros novos.

A crise está completamente descolada da realidade, os supermercados nunca venderam tanto.

Os entendidos estão chamando esta crise de “curva de retroalimentação negativa”. Por ela, a bolsa de valores de Nova York teve a sua pior semana em 112 anos.

E o governo norte-americano deverá, segundo anunciou o Tesouro daquele país, estatizar bancos à beira da falência, o que significaria tecnicamente o fim do neoliberalismo.

Mas vejo na cidade que o povo brasileiro não está nem aí.

O que me parece é que os efeitos dessa crise na economia brasileira vão aparecer nos próximos 60 dias.

E aquilo por que mais torço é que o sistema bancário nacional mantenha-se sólido. Se isso acontecer, o que suponho laicamente não irá ocorrer, o Brasil tira de letra essa crise.

Mas será possível tirar de letra uma crise de tais dimensões? Sem querer ser catastrofista, penso que não.

A última rodada do Brasileirão teve dois fatos retumbantes: a goleada por 3 a 0 que o Flamengo sofreu do Atlético Mineiro em pleno Maracanã, quase afastando o rubro-negro carioca do título, ele que tinha ainda sete rodadas das 10 que faltavam em que jogava no maior estádio do mundo. Que resultado!

E o segundo resultado, para mim, mais significativo, foi o empate do Internacional com o Goiás, que segundo parece afastou definitivamente o Internacional da perspectiva de ainda alcançar o grupo dos quatro que ganharão o direito de disputar a Libertadores de 2009.

Não tem explicação que o Internacional, dono de recursos financeiros abundantes, tendo montado, no meu particularíssimo entender, o mais qualificado elenco entre os 20 participantes do Brasileirão, tenha chegado no ano passado atrás do Grêmio no campeonato nacional.

E repete agora a antifaçanha o Internacional: vai chegar pelo segundo ano consecutivo atrás do Grêmio na tabela. Isso chega a ser quase surrealista.

Dois anos seguidos atrás do Grêmio na tabela, quando se sabe que o Internacional gasta quase cinco vezes mais que o Grêmio em recursos financeiros para manter seu time.

Como é que pode? Qual é o mistério? Como é possível que uma potência financeira invejável, o Inter, tendo gasto fortunas para contratar D’Alessandro e Nilmar, mantendo em troca de altos valores o Guiñazu, não consiga chegar por dois anos seguidos à frente do Grêmio no Brasileirão?

Mas o que está acontecendo? Assim a uma primeira vista, esta diferença matemática estonteante que favorece o Grêmio serve de elogio aos dirigentes gremistas e censura aos dirigentes colorados, estes últimos não tendo sabido levar ao pódio um time milionário que se formou no Beira-Rio.

Enquanto que, modestamente, com rigor orçamentário que beira uma política franciscana de gastos, o Grêmio deixa perplexo o mundo futebolístico nacional liderando o campeonato.

Não vai ser fácil para o Grêmio ser campeão, a tabela o desfavorece com relação ao São Paulo, o grande inimigo, Palmeiras e Cruzeiro.

Mas é de não acreditar que o Grêmio seja no campo muito melhor que o Inter. É assombroso.

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