Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
QUEIMAÇÃO
Deu rolo. Meus leitores me advertem que serei queimado pela Veja e pela Época depois da minha crítica desta semana. Garantem que serei chamado de ressentido, invejoso e medíocre. Alertam que 'Solo' será trucidado. Então, vamos lá: eu sou ressentido, invejoso e medíocre.
Que fazer? Mas isso nada muda no que eu disse em relação ao jornalismo cultural, essa engrenagem de consagração do consagrado e de compadrismo ferrenho. Um leitor garante que vão me pegar, revelar os meus podres, publicar o que eu tenha enviado de comprometedor no passado.
De fato, meu dossiê secreto é avassalador. Nem o Daniel Dantas deve tanto quanto eu, que já rastejei em busca de uma resenha. Andei de quatro, lambi o chão, implorei, comi sabão e chorei sentado numa geleira. Eu era romântico. Pela literatura eu me propunha a qualquer coisa, até escrever.
Querem saber mais? Confesso tudo: quando eu era criança, ali pelos 6 anos, espiei uma coleguinha no banheiro, fiquei pasmo com o que vi e fiz 'meia' com um menino.
Sempre espantei pela precocidade. Como diziam aquelas músicas incontornáveis, eu sou terrível e meu passado me condena. Mas podem vir quente que eu estou fervendo.
Pensem bem, é bom parar, pois parece que eu sabia que hoje era o dia de uma transfiguração. Estou cansado de críticos que me escrevem e nem se lembram que acabo de publicar um livro. Quer dizer, uma obra-prima. Quero ser detonado, arrasado, queimado, destruído, pisoteado. Não aceito silêncio.
É isso que acontecerá. Morrerei atirando. A esmo. Comigo toda bala é perdida. Sou um serial killer que não matou ninguém. Ainda.
Sei que vão me enviar e-mails de consolação dizendo que eu não devo me queixar.
Detesto quando rotulam de queixas as minhas queixas. Desejo que elas sejam entendidas como metástases irônicas. Questão de estilo, de elegância, de sofisticação, não é mesmo? Onde estão os críticos literários do país? De férias? Morreram?
Só se interessam por Machado de Assis e Hebe Camargo? Onde andam esses escritores que esperam resenhas dos seus amigos? Estão com medo de se comprometer comigo? Temem dizer que acharam meu livro ruim mesmo?
Ou só fazem o que a moda e a indústria editorial determinam? Saiam da toca. Estou chamando todo mundo para a briga. Venham, venham, estou aqui fora esperando para o que der e vier. Saiam protegidos. Estou armado. Não dêem mole. É hoje. Uau!
Sempre quis escrever um texto assim, desvairado, livre, sem entraves, demente. Deve ser isso a tal da escrita automática. Se não for, deve ser um fuzil automático. Ou uma metralhadora incapaz de girar. Bate e volta.
Sei o que estão pensando. Tragam, então, a camisa-de-força. Mas que seja em cores cítricas. Afinal, já passei da metade dos 40. Não se acanhem. Ataquem. A vida é curta. Precisamos dizer tudo. Tenho horror de condescendência.
Nada pior do que o jovem resenhista de ocasião, destacado para cometer o crime por estar com o dedo no nariz e vestido de preto. Aí ele vê defeitos justamente nas qualidades e vai dormir como um gigante. Se o criticado se defende, não sabe aceitar críticas. Logo a crítica é verdadeira.
Se não se defende, aceitou a crítica. Logo ela é ainda mais verdadeira. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho se enrola no cobertor curto.
Como dizia o outro, tente outra vez. Até quando, pergunta Arrabal num e-mail, o condenado terá de subscrever a sua condenação? Escreveu, não leu, o pau comeu. Fogo!
juremir@correiodopovo.com.br
Ótima sexta-feira e um excelente fim de semana para todos nós.
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