terça-feira, 14 de outubro de 2008



14 de outubro de 2008
N° 15758 - MOACYR SCLIAR


Homenagens & polêmica

A história me foi contada por uma professora de Novo Hamburgo. Ela estava caminhando perto da rodoviária daquela cidade quando de repente deu de cara com dois assaltantes mascarados e armados.

Conformada, já ia entregar a bolsa, quando um dos caras disse ao outro: “Essa não dá para assaltar, meu: ela é professora.” E foram embora.

No Dia do Professor este episódio me parece muito significativo. Professores são uma das (raras) unanimidades em nosso país: todos os admiram, todos confiam neles. O que é, ao fim e ao cabo, uma homenagem a este 15 de outubro, Dia do Professor.

Uma agência bancária é um lugar de prestação de serviços mas, dependendo da agência e do banco pode ser também um reduto de afeto, uma casa de amigos, um lugar ao qual a gente vai para encontrar pessoas gentis e competentes.

É exatamente isso que acontece com a agência Caminho do Meio do Banco do Brasil (e, a propósito, com a agência Caminho do Meio do Banrisul – pelo jeito, o Caminho do Meio é o caminho da amizade).

Mas isto não é novidade: há 200 anos o Banco do Brasil cuida, e cuida bem, do dinheiro dos brasileiros. Nessa época de sobressaltos bancários é, convenhamos, um conforto saber que temos um banco com o nome do país. Feliz aniversário, Banco do Brasil.

A respeito desta polêmica sobre nudismo nos palcos brasileiros, precipitada por uma declaração do ator Pedro Cardoso (“Tirar a roupa não é exigência do ofício de ator, e sim da indústria da pornografia”) aqui vai uma contribuição pessoal, que não pretende por a nu o assunto (perdão leitores) mas só relatar uma historinha.

Anos atrás fui procurado por uma produtora teatral do Rio de Janeiro que me fez uma proposta: adaptar para o teatro o livro Viagem ao Centro da Terra, do francês Júlio Verne.

Não costumo escrever para teatro, mas a idéia funcionou como um desafio, sobretudo pelo aspecto inusitado. Mais: relendo Verne, dei-me conta de que o livro, uma história de aventuras, poderia ter uma dimensão simbólica, de mergulho na realidade interior.

Topei e comecei a fazer a adaptação, muito pressionado pela produtora, que tinha pressa na encenação. Um dia ela gentilmente convidou-me para assistir a pré-estréia do espetáculo. Viajei para o Rio e lá estávamos, só ela e eu, no auditório do teatro.

Abre-se a cortina e para minha surpresa, apareceram, enfileirados, os atores e atrizes – nus, completamente pelados. Eu não podia atinar o que tinha aquilo a ver com Júlio Verne e francamente, fiquei alarmado – como alarmado deve ter ficado, muitas vezes, o Pedro Cardoso.

Nus fazem parte da arte, e inclusive da grande arte. O pintor espanhol Goya tem dois quadros sobre a Duquesa de Alba: um é a Maja Desnuda outro é a Maja Vestida.

O primeiro é preferido, mas os dois são obras-primas. Nudez? Tudo bem, quando faz sentido na história. Caso contrário pode parecer apelação. O que, claro, não ajuda em nada o teatro, ou a tevê, ou o cinema.

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