sábado, 18 de outubro de 2008



18 de outubro de 2008
N° 15762 - PESQUEIRO - LUÍS AUGUSTO FISCHER


No anzol

O pesqueiro é o lugar onde se pesca; lugar para pescadores; lugar para encontrar certo alimento; lugar que requer uma certa paciência, longe da velocidade geral da vida; lugar mais ou menos afastado da rotina.

Um pesqueiro, metaforicamente falando, é qualquer bom livro: ali, o leitor interessado vai mergulhar o anzol de sua inteligência e de sua sensibilidade, em busca do alimento sutil de que necessita.

Pesqueiro é o nome da travessa onde morou, nos derradeiros tempos, meu falecido amigo Luiz Sérgio “Jacaré” Metz, autor de um livro que eu não sei como é que o prezado leitor não leu ainda,

Assim na Terra, que eu tentei mas não consegui (ainda) reeditar a contento. O Jacaré morava na Pesqueiro e isso foi motivo de conversa nossa, lá em seu último ano de vida, 1996.

Depois dele, outros leitores-pescadores vieram morrendo – como, de resto, acontecerá com todos nós –: Jorge Pozzobon, autor de outro livro também pouco lido e de enorme valor, Vocês Brancos não Têm Alma; agora mesmo, Luiz Paulo de Pilla Vares, leitor fiel, que gostava do romanção crítico e de ensaios filosóficos sobre o destino da humanidade,

sobre o tamanho da utopia, essas coisas fora de moda mas que, ainda bem, continuam interessando aos corações livres; ano e meio atrás foi meu irmão, Sérgio Luís “Prego” Fischer, autor de uns relatos de tipo policial que vão ser publicados ano que vem, junto com depoimentos de amigos que têm saudade dele.

E o Prego e eu, além disso, ganhamos do destino este sobrenome pescador. Nem ele nem eu pescamos a sério, jamais. Eu não devo ter passado mais de uma hora ou duas com uma linha na mão, à espera de um peixe real; em compensação, na beira do rio das letras, este rio baldo que dá de tudo, não têm conta as horas.

Que este Pesqueiro faça jus ao nome que escolheu: eis o programa de ação.

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