terça-feira, 4 de junho de 2024


04 DE JUNHO DE 2024
SÍMBOLO DA CAPITAL

Cheiro de peixe, sujeira e lodo no entorno do Laçador

Dezesseis dias após chegar de lancha à Estátua do Laçador, então circundada pela água barrenta da enchente, a reportagem de ZH repetiu a visita ontem para ver a situação no entorno da escultura de Antonio Caringi (1905-1981). Alguns aspectos chamavam atenção: o cheiro de peixe podre, o lamaçal, a sujeira deixada pela cheia e o barulho dos carros na BR-116.

Situada na Avenida dos Estados e próxima ao antigo terminal do aeroporto Salgado Filho, a estátua em bronze de 4m40cm de altura e 3,8 mil quilos chegou a ficar ilhada durante o mês de maio. A água não atingiu a imagem, mas cobriu parte do gramado da Coxilha do Laçador. No dia 18, data da visita anterior, o silêncio era a marca registrada do local. Nenhum carro passava pelas vias da região, assim como nenhuma pessoa se deslocava a pé.

Lamaçal

Agora, chegar ao Laçador de veículo ou caminhando já é possível. Na parte de trás e no lado direito dele, no sentido em direção ao aeroporto, ainda há pontos com água acumulada, mas nada que represente impedimento para circular.

Entre os objetos remanescentes da baixa da água se destacam um colchão, a cabeça de uma boneca, latas de refrigerantes e garrafas de vidro e de plástico. Mas o que ficou, sobretudo, é um lamaçal consistente.

O letreiro da parte da frente também foi afetado e ficou com marcas da enchente. Três bandeiras tremulam poucos metros adiante: do Brasil, de Porto Alegre e do RS - esta última, quase caindo do mastro, segura-se por um fio no alto.

Antonella Caringi de Aquino, 53 anos, acompanhou as notícias sobre a enchente de sua casa em Pelotas, na Zona Sul. Neta mais velha e gestora da obra de Antonio Caringi, ela ressalta que no próximo ano serão lembrados os 120 anos de nascimento de seu avô. Garante não ter ficado preocupada com algum possível dano ao símbolo durante a inundação. Inaugurada em 1958, a estátua teve como modelo o tradicionalista Paixão Côrtes.

- Fiquei com uma tristeza absurda do Centro Histórico, do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e da Praça da Alfândega. Quando vi o Laçador cercado pela água, fiquei impactada com a natureza no entorno - compartilha Antonella sobre o que sentiu ao ver as imagens.

Em direção ao Salgado Filho, a água ainda alaga trechos da Avenida Severo Dullius, no bairro Anchieta. Porém, carros conseguem avançar, e as placas de trânsito e paradas de ônibus já não estão mais submersas.

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que a faxina no entorno do Sítio do Laçador será realizada quando não houver mais pontos de alagamento. Até domingo, foram retiradas mais de 27,7 toneladas de resíduos das ruas da Capital, como restos de móveis estragados. Também houve raspagem do lodo e varrição.

ANDRÉ MALINOSKI

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