sábado, 29 de junho de 2024


29 DE JUNHO DE 2024
MERCADO DE TRABALHO

MERCADO DE TRABALHO

Região Metropolitana, Serra e vales do Sinos e do Taquari concentram maior número de destruição de empregos com carteira assinada em maio no Estado. Porto Alegre e Canoas somam quase 18% dos 22,2 mil postos perdidos no mês passado. Indústria e comércio são os ramos mais atingidos

A coordenadora da graduação em Ciências Econômicas da Unisinos, Camila Flores Orth, afirma que a área de inundação e o peso dessas cidades no mercado de trabalho ajudam a explicar o potencial de dano:

- As regiões que foram atingidas nessas cidades são de centro, justamente onde o comércio e os serviços são muito fortes. Principalmente pequenos estabelecimentos. Essas pessoas, muitas vezes, não têm o fluxo de caixa necessário para aguentar esse período todo de inundação.

Vacaria, na Serra, ocupa a terceira colocação no fechamento de vagas. No entanto, o município costuma registrar alta nos desligamentos nessa época do ano em razão da desmobilização na safra da maçã.

Na sequência, aparecem Gramado, prejudicada pelo freio no turismo, e Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul, praticamente isoladas durante semanas em razão de bloqueios causados pelo aguaceiro na RS-287 e que também contam com arrefecimento na indústria do tabaco nessa época do ano.

- Gramado, nesse tempo, que era tipicamente para estar contratando pessoas em virtude da alta temporada, demitiu mais de 900 pessoas - destacou a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.

Na avaliação da profissional, o atraso das medidas de caráter de preservação do emprego por parte do governo federal tem peso no resultado ruim de maio.

Histórico

No entanto, o saldo negativo de maio no RS veio muito acima da média do observado em um passado recente e generalizado entre os grandes ramos da economia. Para efeito de comparação, em maio de 2023, foram fechados 2.270 postos - quase 10 vezes menos do que o volume observado no mês passado.

Patrícia afirma que o cenário de destruição de empregos não vai ficar concentrado a maio:

- A gente deve observar nos próximos meses ainda os efeitos decorrentes de todas as chuvas e todos os deslizamentos e enxurradas. _

A taxa de desocupação no trimestre encerrado em maio ficou em 7,1%, alcançando o menor patamar para o período desde 2014. O índice representa recuo em relação ao trimestre móvel anterior, terminado em fevereiro, quando marcou 7,8%. Além disso, fica abaixo do nível registrado em igual período de 2023, de 8,3%.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) foram divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta que, em maio, a população desocupada (pessoas com 14 anos ou mais de idade que não tinham trabalho e procuravam emprego) era de 7,8 milhões. Isso representa diminuição de 751 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2024.

A Pnad apura todas as formas de ocupação, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. A população ocupada chegou a 101,3 milhões de pessoas, recorde da série histórica feita pelo IBGE.

Segundo a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, "o crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal quanto no informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes". Para ilustrar a avaliação, o número de empregados com carteira assinada (38,3 milhões) foi recorde.

- Esse recorde não acontece de uma hora para outra. É fruto de expansões a cada trimestre - diz Adriana.

Rendimento médio

O contingente de empregados sem carteira assinada também foi o maior já registrado (13,7 milhões).

O rendimento médio do trabalhador no trimestre fechado em maio ficou em R$ 3.181, quase estável em relação ao trimestre anterior (R$ 3.161). _

ANDERSON AIRES

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