Há mais de 30 anos, quando exercia a presidência da RBS, convidei o professor Nicholas Negroponte, fundador do Laboratório de Mídia do conceituado MIT (Massachussetts Institute of Technology) e um dos profetas da era digital, para uma conversa sobre o futuro da comunicação. Falando para executivos da empresa, Negroponte deixou-nos duas reflexões bem objetivas. A primeira, que o mundo se digitalizaria numa velocidade incrível. A segunda, que os jornais impressos iriam desaparecer.
Aquela conversa - difícil acreditar que já se passaram 33 anos do momento em que assumi a posição de CEO da RBS - teve consequências: aceleramos o ingresso do Grupo RBS no mundo digital, passamos a olhar o novo cenário proporcionado pelo avanço tecnológico com mais determinação e aprofundamos o conhecimento das mudanças de hábitos dos consumidores.
Quanto à segunda reflexão de Negroponte, nossa visão foi de que a qualidade e a credibilidade do conteúdo jornalístico disponibilizado aos consumidores de informação são sempre mais relevantes do que o meio de entrega. Já investíamos nisso na época e continuamos acreditando nesse caminho.
Lembrei-me da conversa com Negroponte ao refletir sobre a edição de Zero Hora deste final de semana, independentemente de como você a está lendo: no jornal digital, no computador, no tablet ou no celular, ou nesta histórica edição impressa com 144 páginas. Nesses anos todos, impresso ou digital não foram um caminho ou outro, nem o cerne da questão. O que a RBS fez, está fazendo agora mesmo e fará no futuro é uma opção pelo jornalismo profissional, no formato que o público quiser. O jornalismo de qualidade é a aposta permanente, no impresso ou no mundo plenamente digitalizado e suas diferentes formas de chegar ao consumidor.
Neste fim de semana, a RBS está lançando vários produtos, firme na nossa crença de que o jornalismo é algo muito relevante para o nosso público. Ainda mais no desafiador momento de mobilização e reconstrução que estamos vivendo, expresso no editorial da RBS nesta mesma página.
Negroponte tinha razão: o mundo se digitaliza cada vez mais rápido e, infelizmente, alguns títulos impressos desapareceram. Ao mesmo tempo, muitos outros, como The New York Times, Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo, entre outros, estão sabendo conviver simultaneamente com o mundo digital e o analógico. Zero Hora, com seus 60 anos recém completados, está entre eles.
Na terça-feira, em uma reunião com comunicadores e líderes da RBS, me lembrei da conversa de três décadas atrás. E me recordei, também, de um bate-papo recente na sede da empresa, durante o South Summit de Porto Alegre, em março deste ano, com Uri Levine, cofundador do Waze e autor do livro Apaixone-se pelo Problema, não pela Solução. A primeira pergunta que fiz a Levine foi a mesma que fiz a Negroponte. "Até quando o jornal impresso vai existir?"
Ele de pronto respondeu: "O jornal impresso existirá enquanto houver consumidores que preferirem este formato". GZH, que em maio atingiu quase 15 milhões de usuários e 120 mil assinantes digitais, Zero Hora e Gaúcha têm seus produtos relançados neste fim de semana e estão vivendo a plenitude do mundo digital. Zero Hora, aos seus 60 anos, se renova no digital e no impresso. Nós, da RBS, acreditamos no jornalismo profissional, na força da comunicação e no nosso Rio Grande do Sul. Concordo tanto com Negroponte quanto com Levine. E você, caro leitor, acha que o jornal impresso um dia vai acabar? _
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