Anatomia da depressão
Há quem diga que a depressão é o mal do século ou, ao menos, das últimas décadas. Os índices da doença e dos suicídios, em nível internacional, são preocupantes. Nos Estados Unidos, 6% da população sofre de transtornos de depressão e o Brasil é o País com maior taxa de depressão na América Latina. A Organização Mundial da Saúde fala em 264 milhões de pessoas no mundo afetadas pela depressão e que, em 2030, ela será a doença mais comum do mundo.
Pessoas e instituições público e privadas estão envolvidas com o tema, em muitos países. O Demônio do Meio-Dia (Companhia das Letras, 584 páginas, R$ 57,00), de Andrew Solomon, norte-americano, professor da Columbia University Medical Center e consultor de saúde mental da Yale, lançado em 2000, segue referência no assunto e tem sido editado no Brasil com tradução de Myriam Campello.
Pela sua amplitude temática e pela forma e conteúdo, a obra é um verdadeiro tratado sobre um mal que, em priscas eras, era visto apenas como melancolia e não era objeto de estudos aprofundados. A obra de Solomon foi eleita como um dos cem melhores livros da década de 2000 pelo jornal britânico The Times, venceu o National Book Award , foi finalista do prestigiado Prêmio Pulitzer e tornou-se best-seller internacional, publicada em mais de vinte línguas.
A partir de suas memórias pessoais, inúmeras entrevistas e de muitos estudos e leituras, Solomon convida, com rara humanidade, humildade, sabedoria e erudição, os leitores a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos assuntos mais espinhosos, significativos e complexos de nossa atualidade. É uma leitura obrigatória para quem sofre ou conhece alguém que sofre de depressão.
Solomon fala de tratamentos, de medicações, de tratamentos alternativos e do impacto da doença nas várias populações demográficas. Solomon ensina sobre as implicações históricas, sociais, biológicas, químicas e médicas da depressão. A obra é abrangente, corajosa, humana, plena de compaixão e importante nesses momentos de tantas crises pessoais e coletivas.
Solomon fala de tratamentos, de medicações, de tratamentos alternativos e do impacto da doença nas várias populações demográficas. Solomon ensina sobre as implicações históricas, sociais, biológicas, químicas e médicas da depressão. A obra é abrangente, corajosa, humana, plena de compaixão e importante nesses momentos de tantas crises pessoais e coletivas.
Lançamentos
Escola da complexidade - Escola da Diversidade - Pedagogia da Comunicação (L&PM Editores, 256 páginas, R$ 32,00), do professor universitário, jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, fala do lugar da escola num mundo de mudanças, imagens, algoritmos, diferenças e inteligência artificial. Horizontalidade, liberdade, complexidade e diversidade estão aí.
A coragem de ser quem você é (mesmo não goste tanto disso) (Editora Planeta- Academia, 208 páginas, R$ 57,00), de Walter Riso, italiano, psicólogo e autor de livros de sucesso, é um livro para rebeldes que amam sua individualidade e pretendem exercê-la com liberdade e plenitude.
Questões incendiárias - Ensaios e outros escritos (Editora Rocco, 576 páginas, R$ 134,00), de Margaret Atwood, celebrada e premiada escritora, poeta, crítica literária e ensaísta canadense, apresenta uma série de ensaios sobre temas como: porque as pessoas contam histórias, quanto você e eu podemos nos doar sem sumir, como podemos viver no planeta, o que é a verdade e o justo e o que tem a ver zumbis com autoritarismo.
Acabou o pavio
Sim, pode acreditar, houve um tempo em que algumas pessoas tinham o famoso "pavio curto", eram chamadas de estouradas, esquentadas e sangue quente. Dizem que eram algumas, não muitas, as tais pessoas, que não tinham paciência para aguentar conversas, desaforos e outras coisas que não gostassem nos outros. "Não levo desaforo para casa", "dou um boi para não entrar numa briga e dou uma boiada para não sair dela", "quem diz o que quer, ouve o que não quer" eram algumas máximas dos esquentadinhos.
Hoje quase todo mundo parece ou é mesmo esquentadinho. Todo mundo com os nervos para fora da pele. Antes era nervos à flor da pele. Uma vez Hassan Rohani, na época presidente do Irã, foi à Itália. Os italianos, para não se estressarem mais do que o normal e, quem sabe, fazerem negócios de bilhões com o Irã, cobriram com caixas brancas estátuas de deuses gregos, romanos e nus femininos. Rohani poderia se ofender com os marmóreos genitais... Brillat Savarin disse que, quando a gente recebe alguém, deve fazer tudo para o convidado se sentir feliz em nossos domínios. Será que os gringos estavam certos? Interesseiros? Jeitosos? Ou será que se humilharam? Você decide.
Já em Paris, certa ocasião, estava marcado um almoço com o presidente da França e o presidente Hassan. Os iranianos disseram que não podia aparecer vinho ou outra bebida alcoólica na mesa. Dizem que os franceses são os italianos mal-humorados. Pode ser brincadeira ou estereótipo, mas si non é vero, é bem trovato. Imagina não pintar um vinhozinho em Paris, onde até uma loja do McDonald's teve que abrir exceção e servir vinho. Os franceses cancelaram o almoço abstêmio. E aí? Estavam certos? Deveriam ter tomado refri e água com os trilionários ou, quem sabe, poderiam ter tomado o vinho escondido no banheiro ou na cozinha. O lance não ficou legal. Os franceses podem ter perdido um baita negócio e os iranianos não degustaram as iguarias que os italianos ensinaram os franceses a fazer, há uns séculos atrás, quando Maria Antonieta reclamou da comida e mandou chamar uns chefs lá da Bota.
Esses tempos, uma mulher xingou feio um senhor no Big Brother porque ele estava dormindo de cuecas, na cama, ao lado dela. Pavio curto? Ou nenhum pavio? Depois os dois se desculparam e deram assunto para o antigo programa matinal da Fátima Bernardes. Ele ameaçou processar a esquentadinha.
Todo mundo anda falando tudo, toda hora, em qualquer lugar, bem alto. Aquela coisa de falar um por vez - quando um burro fala o outro murcha as orelhas - dançou. Aquela regra de ficar a um metro de distância dos outros, não ficou. Falar baixo, agir com delicadeza, anda escasso. Tomo mundo quer ter "atitude", e tipo assim, atitude nova-iorquina, bem cheguei, bem trio elétrico, patrola. Para que esperar o outro terminar de falar? Para que pensar que a vingança é um prato que se come frio? Hoje a galera quer comer o fígado do inimigo bem quentinho, na horinha.
A propósito
Antigamente havia manuais de boas maneiras. Célia Ribeiro, Danuza Leão, entre outras, escreveram livros sobre conviver em sociedade e alguns foram best-sellers. Estão fora de moda. Algumas regras e dicas permaneceram, mas, no geral, as pessoas se comportam como bem entendem. Sim, não há sociedades sem regras, mas ultimamente há falta de regras em quase todos os setores, públicos e privados. A vida é curta, passa rápido, melhor entender que somos anjos de uma asa só, que dependemos dos outros para voar. Quando encontramos com alguém, é bom sair melhor do que quando chegamos. Não perca, não encurte seu pavio, aumente-o. Conte até mil. Será melhor para vocês e para o mundo.
(Jaime Cimenti)
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