01 DE AGOSTO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PAMPA, UM ATIVO ECONÔMICO
Em uma época de preocupações crescentes com as mudanças climáticas, um dos grandes desafios globais é encontrar formas de conciliar atividades econômicas e preservação. Enquanto muitos cantos do mundo ainda procuram respostas e saídas, avança a convicção de que, no Rio Grande do Sul, esta harmonia está presente e pode ser mais bem explorada, gerando renda, produzindo alimentos de maneira sustentável e preservando a natureza.
É a pecuária, atividade secular no bioma Pampa, símbolo do Estado, que reúne essas plenas condições de conjugar produção e proteção ao ecossistema. Não há nenhuma grande descoberta, apenas a reafirmação de valores que pareciam ultrapassados, mas, com a ajuda de novas tecnologias, manejo adequado e mais conhecimento, vão se tornando cada vez mais modernos e sintonizados com o que se espera do futuro. O pastejo dos animais no campo nativo garante uma alimentação balanceada e nutritiva para o gado, assegura a manutenção da vegetação original e, ao mesmo tempo, permite uma convivência harmoniosa com a fauna da região.
Em muitas regiões do país, a atividade é vinculada a desmatamento e devastação. No Rio Grande do Sul não, porque a atividade ocorre em um ambiente que permanece parecido com o que era milhares de anos atrás. Há, é verdade, a preocupação com a emissão, pelo processo de ruminação dos animais, de metano, gás causador de efeito estufa. Mas já existem estudos mostrando que no Pampa, especialmente devido à fixação de carbono nas raízes de gramíneas e leguminosas, há uma neutralização. Com a vantagem da preservação das ricas flora e fauna originais.
Diversas entidades do Estado ligadas à causa ambiental defenderam, no início do mês passado, que a pecuária, neste esquema sustentável, seria uma aliada da proteção do Pampa. Reportagem de Bruna Oliveira publicada na superedição de Zero Hora mostrou experiências exitosas neste sentido na Metade Sul, onde a atividade econômica é baseada no campo nativo, mas com associação a algumas lavouras e áreas também com pastagens cultivadas, como forma de diversificar e garantir sustentabilidade econômica às propriedades.
Periodicamente aparecem manifestações incentivando o menor consumo de carne de gado, com o apelo ambiental. É um argumento aceitável para alguns países ou outras regiões, onde se derrubam florestas para implantar pastagens ou a criação é somente intensiva. Mas não para o Rio Grande do Sul. Aqui há, na verdade, uma grande oportunidade de valorização de um dos mais tradicionais produtos do Rio Grande do Sul. Ao longo das últimas décadas, os pecuaristas gaúchos investiram em genética apurada, manejo e tecnologia, para produzir mais e melhor. O resultado é uma carne de sabor e maciez inigualáveis, que ganha ainda o selo ambiental. São atributos que merecem ser mais bem explorados comercialmente e como estratégia de marketing por criadores, entidades do setor, frigoríficos e poder público. Há um grande espaço de reconhecimento, baseado também na conscientização de parcela de consumidores que desejam e prestigiam alimentos sustentáveis. Assim, o Pampa se consolida como patrimônio natural do Estado a ser protegido e, cada vez mais, um relevante ativo econômico.
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