28 DE ABRIL DE 2022
OPINIÃO DA RBS
O COMBATE AO FURTO DE FIOS E CABOS
O crescimento do furto de fios de cobre e outros itens de metal em locais públicos não é um fenômeno observado apenas em Porto Alegre ou no Estado. Pelo contrário, vem ocorrendo em todo o país. A ação dos delinquentes traz uma série de consequências para a população. Pontos sem iluminação adequada ou que ficam no completo breu, como ruas, praças e parques, se tornam mais suscetíveis à atuação de assaltantes. Quando o funcionamento de semáforos é afetado, eleva-se o risco de transtornos no trânsito e mesmo de acidentes. A Trensurb também tem problemas recorrentes, prejudicando a mobilidade de milhares de pessoas na Região Metropolitana. A reposição tem custos e, onde o serviço é público, a conta, ao fim, é paga pelos cidadãos.
O combate a este delito precisa ser aperfeiçoado em todas as frentes possíveis. Em regra, os furtos de cabos e fios são realizados por dependentes químicos, que tentam revender pequenas quantias para sustentar o vício. Mas também existem sinais consistentes de grupos mais organizados, que levam volumes maiores para estabelecimentos que compram material reciclado. Investigações já indicam ser possível concluir que, nesse segundo caso, há, inclusive, a participação de pessoas com conhecimento técnico.
Assim, além de uma maior vigilância nas ruas para inibir a ação dos vândalos e criminosos, auxiliada por denúncias da população, é essencial apertar a fiscalização em ferros-velhos e outros pontos que adquirem recicláveis e podem estar operando como receptadores de material furtado da rede elétrica. No último dia 20, uma operação integrada na Capital reuniu Guarda Municipal, Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e EPTC e resultou em 13 pontos autuados e três interditados. Uma semana antes, policiais civis e funcionários da concessionária do serviço público de iluminação de Porto Alegre fiscalizaram quatro estabelecimentos na Zona Norte.
Uma das dificuldades para flagrar as irregularidades é o reconhecimento dos materiais nesses locais. Autoridades envolvidas nas investigações entendem que, se as empresas da área de energia ou telefonia de alguma forma identificassem seus fios, cabos e outros itens e equipamentos, seria mais fácil comprovar o crime de receptação. A IPSul, concessionária de Porto Alegre, já avança nesta identificação - mesmo que as quadrilhas percebam e busquem estratagemas para se livrar rápido desses itens - e agora também pretende apostar em fiação subterrânea para evitar furtos, especialmente em parques. Marinha do Brasil, Redenção e Parcão ficaram em parte às escuras nas últimas semanas devido à ação dos delinquentes. Melhorar o monitoramento é outra aposta da empresa. A implantação dessas melhorias, no entanto, não é imediata.
A elevação dos furtos é consequência da valorização do cobre no mercado mundial. Assim, há estímulo para que criminosos permaneçam tentados a agir. Mas não é concebível aceitar a situação atual. O problema, portanto, deve ser enfrentado de forma associada por empresas, poder público, forças de segurança e pela população, que deve denunciar rapidamente pelos canais indicados quando perceber a investida de vândalos e bandidos.
O problema deve ser enfrentado de forma associada por empresas, poder público, forças de segurança e pela população
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