Resgate

Abril possui inúmeras datas importantes, mas entendo que duas merecem destaque, especialmente para nós, gaúchos. Me refiro ao Dia dos Povos Indígenas e ao Dia do Churrasco e do Chimarrão. A primeira data foi instituída pelo Decreto-Lei 5.540 de 1943, assinado pelo presidente da República Getúlio Vargas, enquanto a segunda foi pela Lei Estadual nº 11.929 de 2003, sancionada pelo governador Germano Rigotto.

Trago essas informações porque acredito na relevância de ter uma data na qual possamos comemorar e refletir sobre aquilo que nos é importante. Creio na força que esses dias têm na formação pessoal de cada criança e jovem que pode comemorá-los e estudá-los nas escolas. O ato de valorizar parte do conhecimento. Não é possível defender aquilo com que não possuímos o mínimo de familiaridade.

Dezenove de abril foi o dia escolhido para homenagear os povos indígenas. Mesmo sendo instituído em nível federal, destaquei a sua importância para nós, gaúchos, por entender o quanto esse povo contribuiu com a formação do Rio Grande do Sul. Tenho certeza, inúmeras pessoas estarão lendo essa coluna acompanhadas de um chimarrão. Pois bem, foi dos indígenas que herdamos esse companheiro que é o maior legado de união e congregação que possuímos. Em 2018, enquanto patrono dos festejos farroupilhas, pude estar em Tenente Portela em contato com as tribos, sentindo o quanto eles ainda têm a contribuir conosco. Da habilidade com o cavalo e as boleadeiras dos índios pampeanos da fronteira gaúcha até o trabalho e as cestarias das tribos guaranis, todos nós temos experiência com alguma herança indígena.

No dia 24 de abril, comemoramos o Dia do Churrasco e do Chimarrão. Uma data e dois elementos culturais que estão entre as nossas maiores referências quando se fala em identidade e essência.

Ambos representam a nossa cultura e reforçam valores de convívio, amizade, congregação e união. Por serem tão enraizados em nosso cotidiano, muitas vezes não percebemos os inúmeros benefícios para a alma que o chimarrão e o churrasco podem trazer. Mais do que nossos símbolos, são meios de recebermos com hospitalidade e cordialidade aqueles que queremos bem, assim como de garantir momentos de valor incomensurável entre amigos e família. Simultaneamente, movimentam uma economia gigantesca. Assadores, parrilleros, gardens, cuias, bombas, mateiras, ervas, carnes, artesãos. Por quanta gente passa a nossa cultura? Quantos lares são abastecidos pelo trabalho que provém da nossa tradição?

Mais uma vez repito: precisamos olhar para as nossas riquezas, valorizá-las e explorá-las. Fazer da nossa cultura motivo de orgulho e sustento. Refletir e comemorar as datas importantes, fazer nossa pátria gaúcha crescer e renascer naquilo que se perdeu.

CÉSAR OLIVEIRA

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