RESPOSTA AO CRIME
O repique da violência observado desde meados de março na Capital, deflagrado por uma guerra de facções, merecia uma reação do Estado à altura para cessar a barbárie. A resposta, iniciada há alguns dias, veio de forma mais contundente ontem, com a operação que mobilizou cerca de 70 policiais civis e militares para prender membros do grupo em conflito e cumprir mandados de busca para desarmar as quadrilhas.
Há aproximadamente um mês, comunidades da zona sul de Porto Alegre conviviam com o terror desmedido que deixou 24 pessoas mortas, inclusive uma vítima fatal inocente, além de uma criança baleada. Não deve ser tolerada a pretensão de criminosos de impor medo à população, levando ao fechamento de escolas, toques de recolher e receio dos moradores de circular pelas ruas e sair para trabalhar, temerosos de uma troca de tiros que poderia irromper a qualquer momento.
Cabe às forças de segurança, e mesmo à Justiça, somar esforços para acabar com os confrontos das facções, eliminando os focos de violência em pontos do entorno da Vila Cruzeiro e do bairro Vila Nova e evitando que o conflito transborde para outras áreas da cidade, fazendo mais vítimas. O policiamento ostensivo na região conflagrada foi corretamente reforçado desde a semana passada, com resultados. O último homicídio relacionado aos embates ocorreu na última segunda-feira.
Dois líderes que emitem ordens de dentro dos presídios também foram transferidos, medida que já se mostrou eficaz poucos anos atrás no Estado, quando o Rio Grande do Sul vivia o auge da guerra entre grupos criminosos. Espera-se que, a partir do trabalho de inteligência, novos membros com ascendência sobre os demais sejam identificados e mais remoções ocorram nos próximos dias para cortar a correia do comando das facções envolvidas. E, com isso, o poder público possa ter melhores condições de garantir a volta da tranquilidade aos moradores das zonas mais amedrontadas.
O Rio Grande do Sul passa, desde o final de 2017, por um período de redução consistente dos índices de criminalidade e de violência. Grande parte deste recuo nos números se deve a fatores como uma política acertada de aumento de investimentos na área de segurança, atenção aos municípios mais problemáticos, maior integração entre Polícia Civil e Brigada Militar e outras medidas, como a transferência de líderes de facções presos para outras regiões do país. Não se deve dar margem para qualquer retrocesso.
Criminosos têm de ter a noção de que a resposta do Estado é incisiva, cortando ousadias na raiz. Nas últimas semanas, entretanto, além de Porto Alegre, algumas cidades do Interior, como Rio Grande, voltaram a registrar crescimento da violência, também por guerra entre facções. Não se espera nada diferente de uma ação de envergadura para o poder público retomar o controle da situação e devolver a paz merecida pela população.
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