A DESCOBERTA DO BRASIL
Tenho 75 anos de idade. Quando era criança, aprendi na escola que o Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500.
A gente celebrava. Teria sido um acidente de percurso. A frota estaria indo para as Índias, mas houve uma calmaria (falta de vento e não calma de todos marinheiros e senhores) e a frota se desviou, atravessou o Oceano Atlântico e chegou ao sul da Bahia.
O responsável dessa façanha, Pedro Álvares Cabral, era o líder de uma grande esquadra de navios portugueses. Assim escreveu Pero Vaz de Caminha, que reportava ao rei de Portugal.
Houve dança na praia, 10 dias de festas e harmonia. Caminha escreveu que Bartolomeu Dias deu um salto real (salto mortal) que surpreendeu e encantou os homens cobertos apenas por algumas penas coloridas de aves.
O encontro dos nativos com os europeus teve dança e alegria, de mãos dadas. Quem diria?
Pero Vaz de Caminha escreveu que a terra foi vista no dia 22 de abril, mas assinou a carta no dia 1º de maio. Hoje já não sei mais nada. Procuro na internet e me encanto com o professor Eduardo Bueno, que conta o que não vai cair no Enem.
Ainda na infância, fiquei sabendo que a história do descobrimento que eu aprendera era mentira.
O Brasil não fora descoberto ou encontrado. Todos já sabiam que havia terras por aqui. O desvio da rota para as Índias fora proposital e não acidental. Teria havido calmaria?
Que chegaram, chegaram. Isso é verdade. Que se alegraram e deram as mãos também está no relatório enviado a Portugal.
Teria sido a mudança de calendário ou o nome dado - Santa Cruz, que alterou até mesmo a data da chegada. Costumava ser feriado nacional - 22 de abril. Depois, deixou de ser feriado porque, segundo Getúlio Vargas presidente em 1930, havia feriados demais.
Mas e agora? Feriado de Tiradentes, no dia 21 de abril, em São Paulo e no Rio de Janeiro se tornou dia de Carnaval por causa da pandemia do coronavírus. Dia 22 de abril foi esquecido, sem descobrimento. Um dia qualquer como outros dias quaisquer.
Aliás, os europeus que pareceram tão amigos acabaram fazendo maldades, abusaram da terra e dos povos nativos. Continuam pisoteando, rasgando, desrespeitando a vida que é a nossa vida, a Terra que é nosso corpo comum.
Ainda é tempo. Podemos mudar a relação com o planeta, restaurar o respeito aos povos indígenas, a todos os povos, a todas as formas de vida e cuidar para diminuir o aquecimento global, garantir condições de plenitude e alegria.
É chegada a hora de despertar, de agir, de falar, de pensar, de atuar para o bem de todos os seres.
Neste dia 23 de abril de 2022, que possamos nos comprometer para a cura do mundo, para viver com mais leveza e menos violência - fazendo as pazes com a Terra e conosco.
Sem bombas, sem armas, com mais ternura, educação, leitura e afeto. Juntos conseguiremos transformar a realidade.
Sugestão de leitura e reflexão: Ecodarma - Ensinamentos Budistas para a Urgência Ecológica, livro de David Loy, da Editora Bambual. Leia, estude, investigue e se junte a nós que cremos na vida.
Mãos em prece
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