sábado, 30 de abril de 2022


30 DE ABRIL DE 2022
BRUNA LOMBARDI

QUAL É A TAL DA VIDA REAL?

Vocês já repararam que separamos a realidade do que chamamos vida irreal? E na tal realidade colocamos todo tipo de perrengue, mão de obra, chateação, tarefas, o que não gostamos, o que nos perturba, aflige e causa ansiedade?

Já na vida que achamos irreal, nessa podemos ficar tranquilos, ouvir música, ler livros, apreciar um por de sol, brincar com nossos bichos e fazer exatamente o que nos faz bem e o que queremos?

Na real, não temos tempo pra nada disso, nela cabem problemas, boletos, links de reunião, trocentos assuntos, da família ao noticiário.

Na vida que queríamos, somos espíritos livres, serenos, resolvemos as coisas tranquilos e de bom humor. As pessoas nos compreendem, aceitam e concordam com nossas ideias, assim como nós com as delas?

Na vida real, é um salve-se quem puder a cada dia e a gente vai levando como dá, empilhando montes de coisas, papéis pela casa, pratos nas pias, acumulando tudo e sempre atrasados.

Vivemos abalados, irritados, indignados e ainda por cima tentando equilibrar essas duas vidas impossíveis de conciliar, fragmentadas em cada passagem, em cada acontecimento que vivenciamos.

Queremos ansiosamente encontrar a nós mesmos e a nossa felicidade no meio disso tudo.

A gente vive assim, zen? zen paciência, zen tempo suficiente, zen saber como dar conta disso tudo. E assim vamos que vamos, trôpegos, alegres e nervosos, exaustos e plugados, tentando juntar nossos cacos e fazer com eles um novo e lindo mural.

De tardinha, depois do dia cheio, depois do banho, a gente pode se deixar invadir por uma sensação boa e relaxada, quando um restinho de raio de luz deixa nosso mural colorido.

Basta isso. Basta um momento só seu e o reconhecimento de quanta coisa você tem resolvido na sua vida real pra poder desfrutar um pouquinho da outra, a que invade sua alma de doçura, daquela quentura no coração. É hora de dizer parabéns pra você mesma, tudo vai dar certo e você merece um abraço.

Afinal, você tá gerenciando duas vidas aparentemente antagônicas e fazendo o melhor que pode em cada uma delas. É noitinha, tome um banho, tome um vinho, tome uma decisão.

Você vai dedicar mais tempo pra você. Fazer uma lista das coisas que adora, dos lugares que quer visitar, filmes, livros, músicas, comidinhas.

Um presente. Pode se dar um presente assim, sem razão nenhuma. Pode rir, cantar, dançar, também sem razão nenhuma. Essas alegrias miúdas, sem motivo, fazem um bem danado.

Pode se distrair um pouco, passar um dia preguiçoso, você tem saldo pra isso, já fez coisa demais.

E se der pra manter esse estado mais leve e lembrar dele pra quando amanhã começar de novo aquele giro da vida chamado realidade, aí sim vai pintar uma diferença.

O turbilhão de assuntos e perrengues pode ser o mesmo, mas você não é. Você sabe que a realidade não é só aquela que nos endurece, nos deixa tensas, intensas, à beira de uma crise? Pois mesmo com tudo o que a vida nos traz, a realidade é o que fazemos dela.

BRUNA LOMBARDI

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