sábado, 11 de setembro de 2021


11 DE SETEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

OS SINAIS DO PIB

São auspiciosos os números do PIB do Rio Grande do Sul no segundo trimestre, embora seja necessário sublinhar que o salto de 27,7% em relação ao mesmo período de 2020 se deve à base de comparação fraca e ao impacto da supersafra de soja, enquanto no ano passado as lavouras gaúchas foram atingidas por uma seca severa. O forte avanço puxado pela agropecuária, no entanto, tem a capacidade de alavancar o desempenho dos demais setores, ajudando os gaúchos a chegarem ao final de 2021 com uma recuperação da atividade muito mais robusta em relação à média nacional. É um empurrão mais do que oportuno, no momento em que os demais segmentos, como indústria, comércio e serviços ganham novo ritmo graças ao avanço da vacinação e à reabertura das atividades.

Os dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE), ligado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, apontam que a agropecuária cresceu notáveis 103%. É um resultado, claro, muito ligado à questão climática e ao fato de os reflexos positivos da soja serem sentidos especialmente no segundo trimestre, quando ocorre grande parte da colheita. Mas é consequência também do incansável trabalho de produtores rurais de todo o Rio Grande do Sul, que a cada ciclo se esforçam e investem para incorporar mais tecnologia e obter melhores rendimentos. Essa performance, por feliz coincidência, pôde ser celebrada durante a Expointer, vitrine da pujança da agricultura e da pecuária locais e que neste sábado recebe a visita do presidente Jair Bolsonaro.

O desempenho do campo, sempre é bom ressaltar, tem no Estado uma capacidade maior de disseminar benefícios na comparação com a maioria das demais unidades da federação, pela grande capilaridade e quantidade de agricultores de todos os portes que se dedicam à labuta na terra. No acumulado do ano, o PIB gaúcho cresce 16,2%.

Safras cheias e com preços bons costumam ainda elevar as vendas do comércio, especialmente nas regiões mais voltadas ao agronegócio. Também impulsionam o setor de serviços e aumentam a demanda da indústria. Por característica histórica, o parque fabril do Rio Grande do Sul é bastante voltado para a agricultura e, por isso, colhe ainda mais frutos quando o setor primário tem um bom desempenho no país.

Os serviços, área mais afetada pelas restrições da pandemia, avançaram 9,3% no segundo trimestre, enquanto a indústria cresceu 21,2%. As fábricas ainda sofrem com a falta de insumos, reflexo da desorganização de cadeias globais de suprimentos, mas o essencial é que há procura por seus produtos, indicando a existência de potencial de crescimento ainda maior. Esta nova tração da economia se converte em ainda maior arrecadação para o Estado, melhorando a perspectiva de manutenção de salários do funcionalismo em dia e assegurando recursos para os serviços essenciais prestados à população. Cria-se, portanto, um círculo virtuoso, que estimula consumo e investimentos, além de auxiliar no saneamento das finanças públicas.

O segundo semestre de 2020 foi o que teve a maior quantidade de medidas de restrição à circulação e de interação social. Com isso, foi quando a economia mais sentiu os reflexos da emergência sanitária. Agora, com a cobertura vacinal da população avançando e novas flexibilizações possíveis, contando com a manutenção dos cuidados pessoais, é possível vislumbrar uma retomada mais consistente e homogênea da economia do Rio Grande do Sul, ajudando na criação de empregos e renda em um momento de inflação alta e desocupação ainda em níveis críticos.

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