11 DE SETEMBRO DE 2021
BRASIL
24 empresas são suspeitas de endossar os bloqueios
Os diversos sistemas de monitoramento do governo federal e das polícias estaduais identificaram pelo menos 24 empresas que endossaram a paralisação dos caminhoneiros, deflagrada dia 8 e que ainda tem reflexos pelo país - como o desabastecimento de combustíveis em algumas capitais. As polícias civis e militares, agentes da PF e PRF e da Agência Brasileira de Informações (Abin) já sabem que entre os apoiadores do movimento estão transportadoras, revendas de veículos e de maquinário agrícola e representantes do agronegócio.
Isso foi detectado de forma simples, pela visualização dos veículos que promoveram bloqueios em 14 Estados. Em Santa Catarina, por exemplo, havia tratores na beira de estrada. A maioria dos veículos não estava identificada, mas alguns são de empresas ou fretados por elas. Entre os veículos identificados, estão alguns pertencentes a empresas de Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina. Não há notícia de empresas investigadas do Rio Grande do Sul.
A ajuda de empresários do setor rural na paralisação já era mencionada em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre atos antidemocráticos previstos para 7 de setembro e dias posteriores. Tanto que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou busca e apreensão de documentos e bloqueio de contas bancárias da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e de seu presidente, Antônio Galvan. A entidade é suspeita de financiar a mobilização dos caminhoneiros, por meio de fundos com recursos públicos.
Apoiar ou financiar atos políticos à beira da estrada é crime? A reportagem consultou policiais federais. Não, afirmam eles, desde que não resulte em bloqueio da estrada. Aconteceram ao menos 15 bloqueios no primeiro dia de paralisação. Um dos desafios é comprovar que essas barreiras eram integradas ou financiadas pelas empresas. Isso poderia configurar crime contra a ordem econômica ou locaute (quando o empresário faz espécie de greve).
O inquérito poderia crescer de importância se ficar provado que os empresários, por meio de grupos de mensagens (como WhatsApp ou Telegram), financiaram a paralisação ou prometeram vantagens a quem parasse.
HUMBERTO TREZZI
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