28 DE SETEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
RESPIRO NO MERCADO DE TRABALHO
O início da temporada de contratação de trabalhadores temporários, ao lado do progresso da vacinação contra a covid-19, cria esperanças renovadas de que o final do ano possa trazer surpresas positivas para a economia, em meio a um cenário ainda imerso em incertezas. Ao contrário do mesmo período de 2020, quando a pandemia também atravessava um momento não tão grave quanto nos meses anteriores e no início de 2021, agora o avanço da imunização permite prever uma circulação maior de pessoas pelo comércio e mesmo uma demanda mais aquecida na área de serviços, um dos setores que mais sofreram com as restrições voltadas a combater a disseminação do vírus.
Diante da perspectiva de aumento das vendas de Natal, entidades empresariais projetam uma elevação de cerca de 20% nas contratações temporárias no varejo tanto no Estado quanto no país. Assim, chegariam até níveis que superariam os números de 2019, antes da chegada do novo coronavírus. Trata-se de uma estimativa promissora diante de um quadro de mercado de trabalho ainda fraco no Rio Grande do Sul e no Brasil como um todo. Em nível nacional, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) espera a criação de 94,2 mil postos, a maior quantidade em oito anos. No Estado, seriam 7,1 mil vagas.
Sabe-se que grande parte dos trabalhadores temporários é dispensada ao fim do auge da temporada de vendas do comércio, mas sempre há um contingente que acaba efetivado. Diante de perspectivas mais palpáveis de controle da pandemia e do retorno a certa normalidade, mesmo que ainda seja preciso manter cuidados pessoais, não é exagero esperar que, agora, uma parcela maior possa permanecer no emprego. O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, lembra bem que, atualmente, o número de colaboradores no varejo é inferior ao usual. A CNC projeta que as vendas relacionadas ao Natal no país crescerão 3,8% e estima que a efetivação dos temporários poderá passar de 12%, o maior índice dos últimos cinco anos.
Caso se confirme essa expectativa otimista, seria um movimento que colaboraria para a retomada da atividade econômica, elevando a massa salarial e diminuindo a taxa de desemprego. Seria mitigado ao menos em parte o drama vivido por milhões de brasileiros em busca de trabalho e castigados pela inflação. Com a vacinação evoluindo, resta esperar que as turbulências políticas e institucionais arrefeçam, criando um clima menos tenso, que permita dar nova injeção de ânimo e confiança nos agentes da economia, à espera da continuidade da recuperação em 2022.
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