11 DE SETEMBRO DE 2021
FLÁVIO TAVARES
NOSSO TALIBÃ
O Talibã instalou-se também entre nós e, com outro nome, faz de Brasília uma Cabul tropical. Sim, pois os grupos ou líderes políticos se definem pela essência do que são e do que buscam. Nosso talibã brasileiro não se chama assim nem tem armas, mas dispara fogo por todos os lados para amedrontar e governar pelo medo e pelo pânico, como no Afeganistão.
Milhares de quilômetros nos separam na geografia, mas aqui há quem imite o jeito de governar pela ameaça, cultivando a violência até para festejar a data da Independência.
Neste 7 de Setembro, nosso presidente nem sequer balbuciou uma palavra sobre como tornar o Brasil independente na economia e no estilo de vida. Viajou a São Paulo para discursar ante seus adeptos e pregar o desrespeito ao Supremo Tribunal Federal. Na prática, isso significa abolir a regra básica da Constituição Federal, que institui a separação dos três poderes para harmonizar a administração. E, o pior, fez tudo num tom vulgar, chamando de "canalha" o ministro do STF Alexandre de Moraes, que apura as chamadas "fake news" das redes bolsonaristas.
Este incentivo à baderna imita o Talibã. Lá, disparam metralhadoras - contra o povo ou para o alto - para amedrontar, confundir ou matar. Aqui, a metralhadora é verbal, mas busca confusão e instabilidade.
E, mais do que tudo, tenta criar no inconsciente coletivo a ideia de que existimos pelas dádivas recebidas do poderoso-chefão presidente da República.
As faixas na rua em São Paulo mostravam terem sido confeccionadas em ateliê artístico, a altíssimos preços. Mais estranho ainda: muitas faixas em inglês lembravam o talibã dando um recado às tropas dos EUA?
Nos anos 1980, na "guerra fria", os Estados Unidos armaram o Talibã para lutar contra a Rússia soviética. Aqui, o candidato Bolsonaro usou como arma eleitoral a tática do norte-americano Donald Trump. Até as origens soam semelhantes.
"Com tecnologia gaúcha" - eis como a imprensa paulista chamou o futuro aeromóvel a ser implantado junto ao aeroporto internacional de Guarulhos (SP), com extensão de quase três quilômetros e a um custo de R$ 271 milhões. Desenvolvido por Oskar Coester, há mais de duas décadas, o aeromóvel se move por câmaras pneumáticas, e não polui o ar.
Aqui, limita-se a 800 metros junto ao aeroporto e nunca foi utilizado em médias e longas distâncias. Nenhum prefeito de Porto Alegre pensou em levá-lo ao longo da Avenida Ipiranga, já com espaço para os trilhos, até o hospital da PUC.
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