01 DE SETEMBRO DE 2021
DAVID COIMBRA
A favor de Marina Ruy Barbosa
Fiquei sabendo que querem cancelar Marina Ruy Barbosa. Isso porque ela reproduziu, em suas redes sociais, uma foto em que uma menina ruiva admira um cartaz com sua foto. Sua, que digo, é dela, Marininha. Pois Marininha, como você bem sabe, também é ruiva, o que dava sentido à legenda que acompanhava a imagem: "Depois dizem que representatividade não é importante".
O uso da palavra representatividade irritou os militantes, que passaram a criticar Marininha. Negros e gays é que têm de lutar pela representatividade, não uma ruiva, de pele branca e provavelmente macia e agradável ao toque, como Marininha.
Eu poderia lançar um anátema contra essa gente que se leva a sério, mas aí eu estaria levando a sério essa gente que se leva a sério. Então, não o farei. Apenas gostaria de discorrer sobre a problemática das ruivas brasileiras. Porque durante muito tempo disseram que elas não existiam. O Brasil tinha de tudo, loiras, morenas, negras, nisseis, mulatas, índias, cafuzas e mamelucas, mas não ruivas. Já ouvi, inclusive, que nenhuma mulher seria naturalmente ruiva - seus cabelos haveriam sido adredemente pintados de vermelho. Trata-se uma sórdida mentira. Uma infâmia! Há, sim, ruivas autênticas, inclusive com a diáfana penugem dos braços avermelhada. Vi muitas dessa qualidade nos Estados Unidos. Reconheço, porém, que no Brasil elas são raras, donde o preconceito dos nossos compatriotas.
No entanto, Marininha é ruiva da gema, provam-no fotos dela quando criança, sorridente e inocente, debaixo de seus bastos cabelos vermelhos. Isso me faz cogitar se o tetravô dela, o senador Ruy Barbosa, "A Águia de Haia", não possuía os cabelos ruivos antes de perdê-los completamente, que Ruy Barbosa era careca. Não sei. Algum historiador haverá de pesquisar a respeito.
Mas o que queria dizer aqui é que os brasileiros olham com desconfiança para Marininha porque muitos jamais viram uma ruiva em pessoa. Mesmo no cinema atual são raras as ruivas, foi-se o tempo das belíssimas Rita Hayworth e Ann-Margret, que pintava o cabelo de loiro ou de moreno, mas era ruiva de nascença, segundo me asseguraram fontes confiabilíssimas. Ann-Margret, aliás, fazia aniversário no mesmo dia que o degas aqui: 28 de abril. Quando guri, eu era meio apaixonado por ela. Não por essa coincidência, mas pela forma como Ann-Margret dançava, que considerava bastante provocante e me despertava delírios juvenis.
De qualquer maneira, nada disso tem relevância agora. Agora, o que realmente importa é apoiar Marina Ruy Barbosa. Anuncio, portanto, de público, que estarei ao lado dela sem vacilar, contra todos os inimigos. Sou a favor de Marina Ruy Barbosa. Seremos eu e ela contra o mundo. É bom ter uma causa pela qual lutar, e essa é a minha. Podem vir, malditos detratores. Não passarão!
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