quarta-feira, 5 de agosto de 2020


05 DE AGOSTO DE 2020
CORONAVÍRUS


Lotação geral de UTIs em Porto Alegre ultrapassa 90%

As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre chegaram ontem a uma preocupante marca: 90,4% de lotação. De todos os 817 leitos intensivos à disposição da cidade, 46% eram ocupados por pacientes suspeitos ou confirmados para o coronavírus.

Hospitais costumam enfrentar lotação no inverno, mas o cenário deste ano ocorre em Porto Alegre apesar de a cidade ter criado, durante a pandemia, 275 novas vagas de UTI, uma expansão de quase 50% em relação ao ano passado. Antes, a cidade já era referência pela alta disponibilidade de leitos, em virtude da concentração de hospitais universitários.

Dez hospitais operavam ontem com capacidade acima de 90% - destes, dois atingiram 100%: Moinhos de Vento e Santa Ana.

Entre segunda-feira e ontem, a capital gaúcha ganhou cinco novos leitos em funcionamento no Hospital de Clínicas, mas a lotação das UTIs da instituição seguiu alta, em 98%.

O número de pacientes confirmados para coronavírus em Porto Alegre caiu e chegou a 309, mas o número de pacientes com suspeita de infecção, que variava em torno de 40 pessoas, subiu para 58.

Desde o fim de julho, as internações confirmadas para covid-19 em UTIs se mantêm estáveis (o crescimento perde força). A média móvel de internados (soma do número de internados nos últimos sete dias dividido por sete) subiu 3,5% na última semana - bem menos do que na anterior, quando crescera 13,7%.

Ressalva

Especialistas, contudo, vêm afirmando que o baixo crescimento da lotação de UTIs pode ser artificial e ocorrer em função de a cidade estar próxima à capacidade máxima - ou seja, como há menos vagas disponíveis, a margem para crescimento da ocupação é reduzida.

- Desde o início do modelo de distanciamento controlado, eu fazia a crítica de que, no pior da pandemia, quando os hospitais estivessem próximos da lotação, os cálculos trariam variações muito baixas (para a mudança de bandeiras) - afirma o matemático Álvaro Krüger Ramos, professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). - A gente está, desde o dia 26, quando chegamos a 316 internados, no mesmo patamar de lotação. Podemos dizer que a curva estabilizou nos últimos 10 dias, mas não que a curva está estabilizada ou que haja tendência de estabilização.

MARCEL HARTMANN

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