quinta-feira, 27 de agosto de 2020



27 DE AGOSTO DE 2020
ESCOLHA DO REITOR

Estudantes protestam por mais autonomia na UFRGS

Dezenas de estudantes se reuniram na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na manhã de ontem em uma manifestação para cobrar mais autonomia universitária, o fim dos cortes de verbas federais que atingem diretamente a educação no país e um sistema de eleição paritário na universidade - que não atribua pesos diferentes de acordo com a categoria de cada votante.

Por volta das 9h30min, cerca de 80 manifestantes, entre eles aproximadamente 50 estudantes da UFRGS, marcharam pelo Campus Centro da universidade. Para esses alunos, a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro escolher o terceiro colocado da lista tríplice para reitor, encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) pela UFRGS, é vista como uma intervenção porque o professor Carlos André Bulhões Mendes, tido como mais alinhado com o Planalto, representa a chapa que recebeu a menor parcela de votos. Além disso, ganhou o menor número de votos em eleição do Conselho Universitário (Consun).

Em ambas as consultas, os atuais reitor e vice-reitora, Rui Oppermann e Jane Tutikian, ficaram à frente. No entanto, o processo de nomeação de um novo reitor ou reitora passa, necessariamente, por uma indicação do presidente da República: ainda que seja visto como uma tradição que o governo federal aponte os candidatos vencedores no processo interno da universidade como seus escolhidos, a prerrogativa de apontar qualquer um dos nomeados na lista tríplice para o comando da UFRGS é legal e faz parte do processo.

A coordenadora-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS, Ana Paula Santos, que é estudante de Matemática, explica que o ato simbólico de ontem demonstrou a mobilização da comunidade acadêmica comprometida em garantir autonomia e democracia na universidade:

- Não aceitaremos um interventor nomeado pelo Bolsonaro, que desde o início de seu mandato vem atacando a educação. Defendemos a paridade e temos diversas críticas à gestão atual da reitoria, mas os problemas da UFRGS devem ser resolvidos na UFRGS.

"Resistência"

Gabriela Silveira, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio Grande do Sul, avaliou o ato como importante para transmitir a mensagem de que a UFRGS precisa ter autonomia e seus estudantes estão mobilizados para defendê-la:

- O protesto cumpriu um papel importante e necessário neste momento, que é o de as pessoas conseguirem enxergar a comunidade da UFRGS, ainda que não no seu todo, viva, em movimento, dizendo o que nós queremos, mostrando o que defendemos. Para mostrar à população a importância que há em respeitar os processos da UFRGS, uma universidade que tem sido duramente atacada, mas mesmo assim resiste e é uma referência.

Os estudantes utilizaram máscaras e foram orientados a manterem distanciamento, algo reforçado tanto na convocatória quanto no ato. O protesto foi organizado pelo DCE da UFRGS, pela Associação de Pós-Graduandos e pela Assufrgs, que representa os técnicos administrativos ligados à universidade.

GUILHERME JUSTINO

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