11 DE AGOSTO DE 2020
HOSPITAIS LOTADOS
Ocupação de leitos em UTIs na Capital ultrapassa os 90%
A ocupação nas unidades de tratamento intensivo (UTIs) de Porto Alegre por doentes com coronavírus subiu ontem para 335 pacientes, a marca mais alta desde o início da pandemia. No geral, 90,6% dos leitos intensivos da cidade estão ocupados - destes, mais da metade é usada por pacientes confirmados ou com suspeita de covid-19.
O Hospital da Restinga, que chegou a ter 114% de lotação no domingo, viu a taxa subir para 121%. Mais da metade dos leitos intensivos são para suspeitos ou confirmados do novo vírus. Cristo Redentor e Moinhos de Vento também chegaram ao limite - o último, no entanto, não atualizou as informações desde o domingo.
A Capital já enfrentou lotação hospitalar em anos passados, mas médicos destacam que, em 2020, a grande ocupação é nas UTIs, mesmo após a cidade elevar em mais de 50% o número de vagas. Além disso, infectados por coronavírus ficam internados por mais tempo, o que atrasada a liberação.
O crescimento nas internações nos últimos sete dias (5%) na capital gaúcha foi maior do que na semana anterior (4,4%). Na prática, reverte-se, pontualmente, a tendência das últimas três semanas, nas quais a média de ocupação nos sete dias anteriores à análise era sempre menor do que 14 dias antes.
Risco
Médicos vêm alertando sobre os riscos de estabilização na demanda por UTIs em patamares tão altos e sobre a possibilidade de o fenômeno ser artificial - com poucas vagas livres, a margem de crescimento na ocupação também fica menor.
Claudio Stadnik, infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e professor de Infectologia na Ulbra, cita que todas as vagas abertas nos últimos dias na Santa Casa já estão ocupadas e que, quando um hospital chega a 95% de lotação das UTIs, é preciso recusar pacientes, uma vez que o leito fica tempo parado para manutenção (são os "leitos bloqueados"):
- A previsão é chegar ao teto em 27 de agosto, então teremos de escolher entre quem recebe leito e quem não receberá. A gente abre vagas de acordo com a necessidade, mas, ao menos na Santa Casa, estamos muito próximo da impossibilidade de abrir novos.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o secretário-adjunto da Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, enfatiza que a ocupação dos leitos de UTI cresce, mas em velocidade menor:
- Se a gente olha a desaceleração importante dos leitos de UTI nas últimas semanas, a redução no número de casos, a redução na procura nos postos de saúde, esses indicadores nos mostram que tivemos desaceleração da epidemia nas últimas duas ou três semanas.
MARCEL HARTMANN
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