29 DE AGOSTO DE 2020
MONJA COEN
INSPIRAÇÃO
Inspiração seria uma piração interna? Pirar, sair do eixo de equilíbrio ou, talvez sair do marasmo, da depressão - quem sabe seja a força que impulsiona à vida? Inspirar e expirar são o respirar.
Sem respirar não vivemos mais do que alguns minutos. Podemos ficar sem comer, sem beber por dias, mas não podemos viver sem respirar.
Ao nascer, quando saímos do útero, mudamos do mundo aquoso para o mundo de ar, vento, atmosfera. O ar entra pelas narinas e boca do bebê e quando sai toca as cordas vocais, que faz um som, um choro - a vida.
Não é um choro de dor, de tristeza, como acreditava Platão. Segundo o filósofo grego, a alma lamentava haver nascido humana e chorava. Hoje sabemos que é apenas um ato mecânico: ar batendo nas cordas vocais. Inspiração e expiração.
Ao morrer, dizemos que foi a última expiração - a partir dela não haverá outra inspiração. Dentro e fora - ar, transparente, invisível e precioso soprando - vai!
Entretanto, inspirar também tem outro sentido. Talvez o que dê sentido, propósito. O que nos inspira é o que nos faz ser. Intersendo, coexistindo, interligados e tudo, incessantemente se movimentando.
O que nos inspira a levantar pela manhã? Seria apenas a vontade de ir ao banheiro ou de comer, tomar café, suco, chimarrão? Ou será que há algo mais?
Recebi da Associação Palas Athena de Estudos Filosóficos, sediada em São Paulo, um texto inspirador que compartilho, de autoria de um grande ativista social dos Estados Unidos:
"Embora eu possa não estar aqui com vocês, exorto-os a responder ao chamado mais elevado do seu coração, e a defender aquilo que realmente acredita. Na minha vida, fiz tudo o que pude para demonstrar que o caminho da paz, o caminho do amor e da não violência é o caminho de maior excelência. Agora é a sua vez de fazer o sino da liberdade ecoar por todo o planeta. Quando os historiadores pegarem suas canetas para escrever a história do século 21, faça com que eles digam que foi a sua geração que finalmente fez suprimir o pesado fardo do ódio, e que a paz enfim triunfou sobre a violência, a agressão e a guerra. Então vos digo: andem com o vento, irmãos e irmãs, e permitam que o espírito da paz e o poder do amor eterno sejam os seus guias."
O autor é John Robert Lewis (21/2/1940-17/7/2020), líder do movimento por direitos civis e político norte-americano. Ele era negro e defendia a equidade, a inclusão de homens e mulheres de todas as etnias, na sociedade.
Então, assim inspirada, eu pergunto: você anda com o vento? Voa e atravessa, passa pelos buracos das fechaduras e as frestas das janelas? Você permite que a paz e o amor sejam seus guias? Permite que conduzam e apontem a você o caminho? Você defende o que acredita através da não violência, do amor, da paz, da compreensão? É tempo de despertar.
Livremo-nos do vírus da guerra, do ódio, da segregação racial, do abuso de vulneráveis. Acordemos para o amor incondicional. Mãos em prece
MONJA COEN
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