segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Pós-guerra, família e dinheiro

O irmão indulgente e a irmã superprotetora rememoram inúmeras vezes as perdas e humilhações
O irmão indulgente e a irmã superprotetora rememoram inúmeras vezes as perdas e humilhações

INTRINSECA/DIVULGAÇÃO/JC
A casa holandesa (Editora Intrínseca, 352 páginas, R$ 54,90, impresso, e e-book a R$ 37,90, tradução de Alessandra Esteche), é o romance mais recente da escritora norte-americana Ann Patchett. A obra foi finalista do Pulitzer 2020. A mesma editora já lançou, no Brasil, os romances Bel Canto e Estado de graça, que receberam os prêmios Orange do Pen/Faulkner Award. Ann é autora de cinco romances e, em 2012, foi eleita pela revista Time como uma das pessoas mais influentes daquele ano.
A trama de A casa holandesa envolve, no clima do pós-Segunda Guerra Mundial, uma densa história de família, com perdas e ganhos. Uma conjugação de sorte com um investimento fortuito fará Cyril Conroy ingressar no ramo imobiliário, criando um negócio que logo se tornará um império e levará sua família da pobreza para uma vida de opulência.
Uma das primeiras aquisições é a casa holandesa, uma extravagante propriedade no subúrbio da Filadélfia. Porém, o que seria apenas uma adorável surpresa para a esposa acaba desencadeando o esfacelamento de toda a estrutura familiar.
A narrativa fica por conta de Danny, filho de Cyril, a partir do momento em que ele e a irmã, a autoconfiante e franca Maeve, são expulsos da casa onde cresceram pela madrasta. Os dois irmãos, que são muito unidos, são jogados de volta à pobreza. Sabem que devem contar um com o outro, mas que o vínculo inabalável, ao mesmo tempo que os salva, é o que bloqueia seu futuro.
A história se desenvolve por cinco décadas e os irmãos, apesar das conquistas individuais, só se sentem realmente confortáveis quando estão juntos. A saga da recuperação do paraíso perdido é, acima de tudo, a tentativa de superar os golpes sofridos no passado. Questões de herança, amor e perdão, de como somos e de como gostaríamos de ser vistos estão na narrativa, em meio a bom humor, raiva e à luta contra o inimigo comum.
O irmão indulgente e a irmã superprotetora rememoram inúmeras vezes as perdas e humilhações, e seu relacionamento é realmente colocado à prova quando se defrontam com a madrasta.
Jaime Cimenti

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