24 DE AGOSTO DE 2020
ARTIGOS
VELHO NÃO, EXPERIENTE
Surpreendentemente no Brasil, as pessoas mais velhas são pouco valorizadas, inclusive no ambiente acadêmico. Nos países desenvolvidos, a experiência é um fator de extrema relevância e respeito, sendo por essa razão que, em geral, pessoas com idade um pouco mais avançada são frequentemente guindadas a posições importantes em suas instituições; todavia, infelizmente essa não é a realidade no nosso meio. A falsa impressão da sempre necessária renovação pode levar em alguns casos ao triste atraso do desenvolvimento de determinados setores, obstaculizando o progresso.
Se voltarmos nossa atenção para a disputa eleitoral americana, veremos que os dois fortes candidatos para ocupar um dos postos mais importantes na geopolítica mundial são idosos. Um deles, o atual presidente Donald Trump, recentemente completou 74 anos, e o outro, o democrata Joe Biden, tem 77 anos. Analisando os laureados com o Nobel de Medicina de 2015 até hoje, todos têm mais de 60, e 75% mais de 70 anos. Será que eles, com excelentes currículos e vastos conhecimentos, seriam devidamente valorizados no Brasil?
O ponto nevrálgico dessa questão é que há um preconceito enorme com pessoas mais velhas, associando-as ao atraso. Porém, isso não é verdadeiro. Idosos são capazes de chefiar uma equipe, de participar ativamente de atividades, não apenas de tomar a posição de espectador e de colaborador externo. Não precisamos apenas ouvir a voz da experiência, precisamos dar oportunidades e ferramentas para os experientes. Renovar é bom e preciso, mas fazer isso em detrimento de indivíduos mais renomados e qualificados é certamente um tiro no pé das instituições.
Portanto, cabe a reflexão: para que olhar para a data de nascimento se podemos olhar para a própria pessoa? Mais importante do que a idade de um indivíduo é a sua bagagem e capacidade intelectual, e por isso os idosos ainda têm muito a contribuir.
RENATO SOIBELMANN PROCIANOY
Nenhum comentário:
Postar um comentário