06 de maio de 2015 | N°
18154
EDITORIAIS
PÁTRIA ENGANADORA
Depois de um período de
trapalhadas e tergiversações, o Ministério da Educação admitiu que o imbróglio
do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) deve-se mais à falta de dotações
orçamentárias para novos contratos do que a problemas técnicos que os alunos
vinham encontrando para renovar os já existentes.
A confusão compromete o conceito
e a promessa da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil passaria a ser uma
Pátria Educadora neste seu segundo mandato. A transparência a que recorreu
agora o ministro Renato Janine Ribeiro teria evitado problemas maiores se
tivesse sido adotada há mais tempo.
Ao acenar com a alternativa do
Fies, o governo federal criou uma expectativa entre os brasileiros de menor
renda de que o acesso a cursos de nível superior em universidades privadas
seria facilitado. É óbvio que, num cenário de recursos escassos, não faz
sentido o poder público contemplar todos os interessados. O próprio MEC deu-se
conta disso, ao aperfeiçoar os critérios de concessão do benefício. Os
estudantes, porém, poderiam ter sido poupados, primeiro, da tensão de não
conseguir renovar o crédito e, agora, da frustração e revolta diante da
admissão de falta de recursos para novos contratos.
No caso das instituições privadas
de nível superior, ficou evidente que algumas deixaram o bom senso de lado ao
reajustarem os valores cobrados dos alunos em níveis estratosféricos,
procurando tirar vantagem do financiamento fácil. Mas não é justo que, por
isso, muitas delas sejam agora prejudicadas, enfrentando inclusive o risco de
evasão de alunos.
Em qualquer país, particularmente
no Brasil, educação tem que ser prioridade. Se não há recursos para um programa
da importância do Fies, que pelo menos não se engane a população.
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