sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



06 de janeiro de 2012 | N° 16938
PAULO SANT’ANA


O traído de Punta

Minha mulher, quando está calma, é porque está dissimulando.

Quero contar hoje a história do meu amigo traído por suas esposa, que é porto-alegrense mas tem casa em Punta del Este.

Como se sabe, Punta del Este, daí o nome, é uma ponta de terra, uma península portanto, que invade o Rio da Prata e o Oceano Atlântico.

Existem, então, em Punta, as duas praias mais famosas: a Playa Mansa e a Playa Brava.

Meu amigo traído por sua mulher desconfiou durante três anos e meio de que ela o traía, como de fato ocorria, com um amigo comum do casal.

Meu amigo cornudo passou esses três anos e meio infernizando a vida de sua mulher, sem falar com ela diretamente, mas mostrando um mau humor e uma agressividade diárias, levado pelo ciúme e pelo orgulho possessório.

Foi então que meu amigo se socorreu de um psiquiatra. O psiquiatra não levou muito tempo para mostrar ao meu amigo que a infidelidade de sua mulher era conveniente para ele, meu amigo.

Sendo-lhe infiel e tendo um amante, ela se realizava sexualmente fora do lar e adquiria uma paz espiritual e corporal.

O psiquiatra então explicou ao meu amigo que, se sua mulher se serenizava com essa relação extraconjugal, meu amigo seria, portanto, indiretamente beneficiado com esse estado de beatitude de sua mulher e acabaria também sereno nas relações com ela.

Meu amigo aceitou as aspas tranquilamente, passou a vier em paz com sua mulher, todos felizes: ela, empanturrada de amor pelo amante, o amante, que gozava das delícias que a mulher de meu amigo lhe oferecia na alcova – e naturalmente meu amigo, que recebia em casa, quase todos os dias, suas esposa vinda dos braços do amante e realizada em seus desejos.

A história espetacular termina assim: meu amigo, durante os três anos e meio em que não aceitava a traição da sua mulher e por isso não conseguia dormir à noite e maltratava com palavras suas esposa, residiu nesse período todo numa casa, é lógico, da Praia Brava.

E agora, que aceita a traição de sua mulher, motivado pelo psiquiatra, meu amigo se mudou para uma casa da Praia Mansa.

Mudando de assunto, o companheiro Marçal Alves Leite estava agitado no começo desta semana: as bolsas europeias e norte-americana estavam em alta alentada, a Bovespa chegou a subir quase 5%, e o dólar baixou mais de 2% no Brasil.

Já é tempo de exorcizar essa crise financeira internacional. No fundo, nós, brasileiros, temos sério receio de que ela recrudesça. Sabe-se que se isso acontecer nos meteremos em sérios problemas com nossa economia.

Quem tem dinheiro depositado em fundos, em CDBs e outras aplicações, fica com um pé atrás, recordando remotamente a ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello com aquele seu ajuste e confisco sinistros.

Não adianta nada, os povos são e serão cada vez mais dominados pela economia, traduzindo, pelo bolso dos consumidores.

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