quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


ELIANE CANTANHÊDE

De dentro do navio

TOULON - Os submarinos de propulsão nuclear de ataque dos EUA são grandes e vocacionados para disparar mísseis balísticos contra alvos em terra -cidades, inclusive.

Já os da França, construídos pela DCNS, que tem participação estatal, são considerados menores e mais ágeis, podendo disparar tanto torpedos (por baixo d'água) quanto mísseis (para fora) em alvos no mar.

Seriam, portanto, mais adequados ao sonho brasileiro de ter submarinos de propulsão nuclear para vigiar sua imensa costa.

É outra boa desculpa para o governo Lula e o ministro Nelson Jobim darem as costas aos EUA e acertarem "aliança estratégica" com a França, acompanhada oportunamente de pesadas vendas francesas, compras brasileiras e futuras empresas binacionais de defesa.

Ontem, Jobim desceu com seu corpanzil num exemplar da Esquadrilha de Submarinos Nucleares de Ataque, em Toulon. E lá fui eu atrás conhecer também um submarino francês. A escada é estreita e na vertical, os leitos parecem catre de prisão, os corredores são mínimos. Ou seja, conforto zero.

Mas, do ponto de vista de tecnologia, o submarino é um show, conforme explicou um oficial francês, apontando para os sonares, a tela que define o alvo, o funil que dispara mísseis ou torpedos.

Jobim e oficiais do Brasil gostaram do que viram, especialmente o comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, que tem uma idéia fixa: o submarino de propulsão nuclear brasileiro, que se arrasta desde 1979 e, aparentemente, agora vai zarpar.

Enquanto o Brasil vai, a França já foi e já voltou. O primeiro submarino brasileiro não sai antes de 2020. E em 2017 os franceses já começarão a substituir a classe Rubi pelos Barracuda, de novíssima geração.

Aliás, isso é algo que o Brasil também pretende aprender com a França: planejamento. Algo que, definitivamente, nunca houve. Nem na defesa, nem no resto.

elianec@uol.com.br

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