quarta-feira, 16 de janeiro de 2008



16 de janeiro de 2008
N° 15481 - Paulo Sant'ana


Dai de ler aos súplices

O e-mail que vocês vão ler a seguir é um dos melhores e maiores tratados de jornalismo e comunicação que se conhece.

Foi dirigido ao editor-chefe do Diário Gaúcho pelo serviço de atendimento ao leitor: "Dona Vilma França (telefone para contato 3248-8208), que já foi assinante de Zero Hora, agora compra o Diário Gaúcho, todos os dias, desde que foi lançado.

Mas sente falta da coluna do Paulo SantAna e sugere que ele seja publicado nos dois jornais (se não for possível a coluna inteira, então que seja meia coluna)".

Quando uma ex-leitora suplica por voltar a ler minha coluna, meu coração, que tem catedrais imensas, templos de priscas e remotas eras, soçobra e parece que vai parar.

"Coração, por que é que tu não paras?" é o que quero vociferar, por sinal, ao meu músculo cardíaco, já exausto de tantas emoções. Pára, coração, se uma mulher não pode ler mais um mero cronista provinciano que se incrustou de tal maneira à sua pele, ao seu intelecto e ao seu metabolismo coronariano, esta vida é injusta.

Essa leitora adquiriu, por motivos de ternura, o direito de ler seu colunista ícone.

Essa mulher precisa me ler. Ela não vive sem me ler.

Sinto ímpetos de ir pessoalmente entregar todos os dias na casa dessa mulher um exemplar de ZH, que, é claro, surripiarei lá da oficina de nosso jornal, todas as madrugadas.

Garanto que vou, porque como disse o grande poeta russo Maiakovski, em mim a anatomia enlouqueceu, eu sou todo coração.

Recebo resposta da Polícia Rodoviária e incontinente a publico: "Caro SantAna, escrevo para comentar o texto que publicaste no sábado, na Zero Hora. Bem sei que a opinião ali não é sua, mas gostaria, dentro do possível, que pudesse publicar três tópicos somente, como forma de esclarecimento, em nome da Polícia Rodoviária Federal.

1º) Sempre que há algum acidente envolvendo viatura da PRF, é aberto um Procedimento Administrativo para apuração dos fatos e possíveis responsabilidades, o que está sendo feito neste caso.

2º) Foi constatado, e isto não foi dito pela senhora que redigiu o texto, que o condutor do veículo Peugeot 206 estava com a carteira nacional de habilitação (CNH) vencida havia mais de 30 dias. Ou seja, ele não poderia estar dirigindo aquele veículo. O mesmo foi multado pelos PRFs que atenderam o acidente.

3º) As marcas de frenagem do veículo Peugeot se estendem por mais de cinco metros. Mesmo assim, a força do impacto foi tamanha, que a viatura PRF, uma camioneta Blazer, teve perda total, não podendo ser recuperada, tal a força do impacto causado pela velocidade desenvolvida pelo condutor sem CNH. A máxima naquele local é 80 km/h.

Apesar de os policiais rodoviários federais realizarem cursos específicos e passarem por treinamentos para condução de viatura policial, são seres humanos passíveis de falhas.

Mas não é por isso que se deve condenar toda a corporação, como é feito no e-mail. Obrigado pela atenção e espaço, (ass.) inspetor Alessandro Castro, chefe de Comunicação Social".

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