quinta-feira, 24 de janeiro de 2008



24 de janeiro de 2008
N° 15489 - Nilson Souza


Feia, mas linda

Um professor neozelandês acendeu o rastilho da indignação nacional esta semana ao elencar no seu site as melhores e as piores bandeiras do mundo, considerando apenas o valor estético.

A brasileira ficou em quarto lugar no ranking internacional da feiúra e foi considerada por ele a mais feia entre todas as nações independentes.

Para alfinetar mais ainda o orgulho nacional, o homem classificou como bela a bandeira argentina, pela boa escolha de cores. Nem preciso dizer que a brasileirada subiu nas tamancas, despejando na internet comentários do tipo:

- Feia é a vovozinha desse camarada!

Pobre velhinha. Jamais imaginou que seu neto provocaria tanto furor numa nação do outro lado do mundo simplesmente por considerar que as cores de nosso pavilhão nacional não combinam e também por abominar frases em bandeiras. Na verdade, nosso símbolo augusto da paz não chega a ser unanimidade nem aqui.

Muita gente torce o nariz para o lema positivista que corta o globo azulado e há também quem implique com as formas geométricas, com o colorido e até com o excesso de estrelas.

Gosto é gosto. Pelo meu, nossa bandeira é linda.

Adoro vê-la tremulando contra as nuvens nos dias de vento ou enrolada no corpo dos jovens de cara pintada que freqüentam manifestações de rua e arquibancadas de praças esportivas.

Fico feliz quando a identifico no meio de multidões estrangeiras, seja numa corrida de Fórmula-1 ou numa missa dominical em frente ao Vaticano. Já mais de uma vez, em viagens ao Exterior, deixei escapar lágrimas de saudade ao deparar com o pendão verde-amarelo.

Uma vez, em Sevilha, fiquei extasiado numa plantação de girassóis que se transformou, diante de meu olhar saudoso, numa imensa bandeira do Brasil.

Nossa bandeira é bela porque sempre a enxergo com os olhos do coração.

Pouco me importa se a união do retângulo verde com o losango de ouro e o círculo celeste fere o senso estético do mestre neozelandês.

Para mim, aquela aquarela de constelações será sempre a combinação mais harmoniosa do mundo, pois representa a terra onde nasci, os dias mais prazerosos de minha vida e as pessoas que mais amo.

Por isso, sempre vou ver naquele pano multicolorido, mesmo quando desbotado, um pedacinho do céu da minha pátria - onde poderei identificar a estrelinha branca que simboliza o meu Estado natal.

Feia, professor?

Só para quem não sabe o significado que o povo brasileiro deu para cada cor da sua bandeira.

Aquele verde é o ar que o senhor respira, aquele ouro é a riqueza do nosso planeta, o azul é a nossa aspiração de eternidade e o branco é o nosso desejo de que o senhor e a sua vovozinha vivam em paz.

Excelente quinta-feira com temperatura elevada outra vez por aqui, mas com muita Paz no Palácio Piratini.

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