segunda-feira, 14 de janeiro de 2008



14 de janeiro de 2008
N° 15479 - Luiz Antonio de Assis Brasil

Palavras (24)


Sabedoria - Toda sabedoria é falha. Nenhuma possui todas as respostas ao nosso não-saber. Sempre há um espaço para o desconhecimento, para a precariedade, para o ridículo.

Sempre há um espaço - enfim - para nossa pedestre ignorância.

Desde os começos das artes visuais na cultura ocidental, os sábios são representados como homens velhos. Platão. Aristóteles. Também no Extremo Oriente.

Já os egípcios, que não cultivavam a velhice como uma boa qualidade, por isso mesmo não tinham sábios. Nenhuma pintura mural, nenhum baixo-relevo dos egípcios representa um velho.

Entre os egípcios, homens da bela e eterna juventude, sábios eram apenas os deuses. Eles é que falavam com propriedade, desde suas culminâncias metafísicas, exortando, advertindo, ameaçando, premiando.

Aos homens, destinavam uma perpétua e feliz ignorância.

A felicidade era esta: os deuses pensavam por eles.

"Quanto mais velho, mais sábio" - eis mais uma falácia.

A alguns velhos, a velhice resulta apenas em queixas; não têm a sabedoria de entender a natural passagem do tempo.

Reumatismo, dores variadas, incapacidade de subir escadas, perda de dentes, fraqueza nas pernas e nas lembranças - isso deveria ser banido das queixas dos velhos, se verdadeiramente sábios.

São poucos.

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