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terça-feira, 22 de janeiro de 2008
ELIANE CANTANHÊDE
De culpas e candidatos
BRASÍLIA - A ministra e presidenciável Dilma Rousseff volta hoje à cena política pilotando o (melhor possível) balanço do PAC. Corre o risco de ser bombardeada, na cerimônia no Planalto, com perguntas desagradáveis não apenas sobre o próprio PAC mas sobre os riscos de um novo apagão.
A Aneel (agência do setor) diz que não é impossível. O novo ministro, Edison Lobão, já fala em "racionalizar o consumo". E o mais importante foi a "deixa" de Lula ontem: no fundo, o importante é se prevenir, ou seja, já ir arrumando culpados. Como sempre, aliás.
Se tiver apagão, crise internacional, estouro das Bolsas, culpem-se o Bush, o Saddam Hussein e principalmente o Fernando Henrique Cardoso e a "herança maldita".
A contrapartida, porém, não vale. Se não tiver apagão, se a recessão americana não for tão braba, se as Bolsas pararem de cair, não haverá nenhuma divisão dos louros. Muito menos com o governo anterior.
Se vier crise, malhação do Malan. Se o Brasil resistir bem, ninguém vai se lembrar dele.
Só não dá para esconder o sol com a peneira no caso dos presidenciáveis de Lula. Dilma na berlinda por causa das dúvidas no fornecimento de energia -área, afinal, que lhe deu o carimbo de boa executiva.
José Temporão aflito por causa da febre amarela, num dia mandando vacinar, no outro dizendo para não vacinar, no terceiro culpando a vítima por não ter se vacinado e, no quarto, acusando a imprensa pelos erros de vacinação da rede pública.
E, enfim, Fernando Haddad impedido de discursar num evento, sob vaias do esquerdista PSTU. Lula tem enorme popularidade, investimentos sociais e uma imensa estrela, mas, com esses candidatos (e quais seriam os outros?), vai precisar bem mais do que isso para fazer o sucessor.
Principalmente porque há controvérsias quanto à força da transferência de voto, seja dele, seja de qualquer um.
elianec@uol.com.br
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