04 DE JUNHO DE 2024
OPINIÃO DA RBS
O TRUNFO DO SABER
Vencidas as fases de resgates, de acolhimento às vítimas das enchentes, do início da recuperação da infraestrutura e da elaboração de medidas imediatas de socorro econômico, o Rio Grande do Sul passa a olhar bem mais para a frente. Esse futuro é referente aos sistemas anticheias que o Estado terá de criar, reformar ou reformular, dependendo do local. As discussões já em curso, mas ainda incipientes, em breve terão de passar pelas fases de elaboração de projetos técnicos e, em seguida, execução. A população gaúcha ao menos sabe que o conhecimento para a concepção do que será necessário não precisará ser buscado longe.
A sigla IPH, de Instituto de Pesquisas Hidráulicas, se tornou amplamente conhecida não apenas pelos gaúchos, mas pelo país inteiro. É verdade que, desde o ano passado, quando as primeiras enchentes de grandes proporções assolaram o Estado, os professores desse braço da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) passaram a ser mais demandados pela imprensa para explicar os fenômenos decorrentes das chuvas excessivas e as tendências da movimentação das águas. Mas agora, devido à magnitude da mais impactante e destrutiva inundação a que os rio-grandenses foram submetidos e à atenção nacional ao Estado, o reconhecimento público tornou-se ainda maior.
Os pesquisadores do IPH não apenas iluminam questões referentes à dinâmica do Guaíba e de seus tributários, mas tratam dos aspectos ligados aos sistemas de monitoramento, alerta de rios, da proteção da Capital e da Região Metropolitana, da segurança no abastecimento de água potável e das medidas que devem ser tomadas daqui para frente nas demais regiões, de acordo com as suas peculiaridades. O conhecimento e a ciência local devem ser valorizados, até porque o IPH é considerado referência na América Latina em sua seara de atuação. Por lógica, se espera que o instituto seja consultado e tenha papel relevante na tomada de decisões acerca das medidas voltadas a salvaguardar o Estado de novos eventos extremos.
Na Zona Sul, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) tem desempenhado papel semelhante. Outras universidades, públicas e privadas, devem somar-se a este mutirão para contribuir com o capital humano e a inteligência de que dispõem para propor soluções voltadas a impedir que o Estado volte a sofrer estragos semelhantes. São diversas as áreas de conhecimento que podem colaborar. Assim como os demais centros de pesquisa, hubs de inovação, iniciativa privada e entidades voltadas a pensar as questões de competitividade do Rio Grande do Sul.
Como nunca antes, é a hora da massa de saber existente em todas as regiões gaúchas, em colaboração com o poder público e a sociedade civil, arregaçar as mangas para fazer o Estado recobrar as suas forças e se tornar uma referência em adaptação e resistência à força dos eventos climáticos extremos. Em cada residência ou negócio afetado pelo avanço das águas, quem recomeça precisa contar com esta segurança.
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