terça-feira, 27 de setembro de 2022


27 DE SETEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

ALERTA CONTRA A POLIOMIELITE

Pais e responsáveis de crianças menores de cinco anos têm uma tarefa inadiável. Checar a carteira de vacinação dos pequenos, informar-se, consultar um pediatra em caso de dúvida e, se necessário, levá-los até sexta-feira a um dos mais de 40 mil pontos distribuídos em todo o país aptos para a imunização contra a poliomielite. Originalmente, a campanha que acontece todos os anos se encerraria no último dia 6, mas devido à baixíssima cobertura, muito aquém da meta, o Ministério da Saúde decidiu prorrogar a mobilização até o dia 30.

No início do mês, quando a pasta optou pela prorrogação, apenas 35% das crianças do público-alvo haviam sido vacinadas, dentro de um universo de 14,3 milhões. O objetivo seria atingir 95% deste contingente. Todo esse esforço se deve à necessidade de o Brasil impedir a reintrodução da pólio no país. O Brasil ganhou o certificado de erradicação da doença em 1994, após o último caso ser registrado em 1989, mas a paulatina redução nas taxas de vacinação nos últimos anos vem levando médicos e especialistas de áreas correlatas a elevar o nível de alerta para o risco de o vírus voltar a circular e a enfermidade ser outra vez verificada no território nacional.

A ameaça é real e, portanto, exige responsabilidade dos pais e atenção redobrada de autoridades e órgãos da área de saúde. Mesmo que existam explicações para o quadro, não é razoável que um país com um dos programas de imunização mais eficientes e reconhecidos do mundo assista, sem uma reação à altura, à volta de uma doença eliminada há cerca de três décadas.

A poliomielite é uma doença contagiosa aguda que pode infectar crianças e adultos. A contaminação se dá por via fecal e oral. Pode provocar sintomas leves, como uma virose, ou levar à paralisia dos membros inferiores. Por isso também é conhecida como paralisia infantil. A enfermidade ainda pode ser fatal quando são afetados músculos respiratórios ou da deglutição.

Especialistas envolvidos no tema avaliam que notícias falsas sobre vacinas, campanhas de comunicação insuficientes e ineficientes e o fato de a atual geração de pais não ter convivido com pessoas afetadas pela doença explicam a queda da cobertura vacinal. Todos esses pontos podem ser enfrentados com boa informação, campanhas educativas e estratégias adequadas que atinjam e sensibilizem o maior número possível de progenitores e responsáveis. É o que deve ser feito especialmente para as próximas campanhas anuais, com as crianças sendo levadas para cumprir todas as etapas do esquema vacinal.

A pólio ainda é uma doença endêmica no Afeganistão e no Paquistão, mas também voltou a aparecer em nações desenvolvidas, como Israel. Nova York, nos EUA, e Londres, no Reino Unido, detectaram o vírus no sistema de esgoto e entraram em alerta. O Brasil, infelizmente, já teve o retrocesso com o sarampo, que voltou a ser registrado no país, após ser erradicado. É preciso evitar o mesmo com a pólio.

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