quarta-feira, 21 de setembro de 2022


21 DE SETEMBRO DE 2022
NÚMEROS DO RS

Total de armas registradas mais do que dobra em quatro anos

Dados obtidos por institutos junto ao Exército dizem respeito às aquisições por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs)

O número de armas nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) mais do que dobrou nos últimos quatro anos no Rio Grande do Sul. Saltou de 65.578 em dezembro de 2018 para 148.526 até julho de 2022. No país, a quantidade de armamentos registrados ultrapassou a marca de 1 milhão: foi de 350.683 em dezembro de 2018 para 1.006.725 armas em acervo até o mês de julho, aumento de 187%. Os dados foram solicitados ao Exército pelos institutos Igarapé e Sou da Paz, e obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Conforme o levantamento, que divide o país em regiões militares (RMs, veja mais detalhes no quadro abaixo), o RS aparece em terceiro em número de armas de CACs no país até julho deste ano. No topo do ranking, está São Paulo, que soma 279.507, seguido pela região formada por Santa Catarina e Paraná, com 171.907. Depois, está a 11ª RM (formada por DF, GO, TO e triângulo mineiro), com 122.648, e a 4ª RM (MG, exceto o Triângulo), com 57.945.

Em julho, levantamento divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou ainda que o número de pessoas registradas como CAC cresceu na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Em quatro anos, o número de cidadãos com esse título cresceu 474%: passou de 117.467, em 2018, para 673.818 este ano (até 1º de julho).

As pessoas cadastradas como CACs já são mais do que os 406 mil policiais militares da ativa no país. O número também é maior do que do efetivo de 360 mil das Forças Armadas.

Flexibilizações

A pauta armamentista voltou com força aos holofotes em 2018, sendo uma das bandeiras da campanha de Bolsonaro. Nos últimos anos, a gestão do presidente flexibilizou o acesso ao armamento, e o STF analisa restrições a essa liberação (leia mais na página 7).

Uma das mudanças foi a ampliação do limite de unidades adquiridas tanto pelo cidadão comum quanto por CACs. Para os institutos responsáveis pelo levantamento, o volume de armas em circulação no país preocupa. Conforme a gerente de projetos do Sou da Paz, Natália Pollachi, mesmo as legalizadas podem acabar gerando mais violência.

- Muitas vezes, a pessoa que tem a arma acredita que está menos vulnerável em um assalto, uma abordagem. Só que, no fator surpresa, ao sacar a arma na intenção de se defender, pode acabar levando um tiro, causando um tiroteio, atingindo terceiros ou até tê-la roubada na ação - opina Natália.

- Além disso, existem os casos em que a pessoa que possui a arma acaba a utilizando em um momento de descontrole - acrescenta.

 BRUNA VIESSERI

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