20 DE SETEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
SAEB REFORÇA ALERTAS
Não se pode dizer que os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados na sexta-feira pelo Ministério da Educação, foram surpreendentes. Mesmo assim, pelo caráter oficial e a ampla cobertura da aferição, em escolas públicas e privadas de todo o país, devem servir para que Estado e sociedade despertem para o tamanho do desafio de se buscar de forma acelerada a recuperação da aprendizagem de crianças e adolescentes.
O resumo da constatação do Saeb é preocupante. Os conhecimentos de português e matemática caíram em todas as séries analisadas na aplicação das provas, que testaram 5,3 milhões de estudantes brasileiros. O público-alvo é formado especialmente por alunos do quinto ao nono ano do Ensino Fundamental e terceira e quarta séries do Ensino Médio. O Saeb, de periodicidade bienal, foi aplicado no final do ano passado, quando era mais consistente o movimento de reabertura das escolas, após o período de maior apreensão com a pandemia.
Nesta edição, também foi averiguada a situação das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental. Constataram-se, especialmente, retrocessos gravíssimos na alfabetização em uma fase decisiva para uma continuidade satisfatória do processo de aprendizagem. A trajetória escolar pressupõe o acúmulo paulatino de camadas de conhecimento ao longo dos anos, e alunos em apuros com o básico, ler e escrever, certamente terão obstáculos ainda maiores para assimilar mais conteúdos à frente. Melhorar a proficiência nesse quesito, portanto, deve ser uma prioridade. Caso contrário, ficará ainda mais distante também solucionar a deficiência adicional do analfabetismo funcional.
Estados e municípios, na linha de frente, têm feito avaliações para medir o déficit de aprendizagem. Com os resultados, começaram a colocar em prática planos para reverter as sequelas, com mais aulas extras, atenção às disciplinas em que há maiores dificuldades, combate à evasão e, em alguns locais, aposta em escolas de turno integral. Seria desejável, no entanto, uma efetiva coordenação do Ministério da Educação, para apoiar os entes federados. O Brasil foi um dos países do mundo que ficou mais tempo com as salas de aula fechadas e a pasta foi omissa, sem oferecer orientação e supervisão para uma reabertura gradual e segura das escolas, especialmente da rede pública. Apenas em maio, o governo federal lançou o Plano Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica. Estados e municípios, no entanto, desde o final do ano passado, já implantavam programas próprios, com diagnósticos e ações.
Mesmo em patamar e velocidade distantes do ideal, os alunos brasileiros vinham melhorando o desempenho medido nas avaliações nacionais. O resultado do Saeb mostrou que o país voltou algumas casas, revertendo o seu progresso lento. Escolas e municípios que participaram podem ter acesso às suas pontuações. Assim, é possível conhecer suas particularidades, inclusive com comparações. É um instrumento a mais para se avançar de forma segura, por mostrar em que estágio cada um está.
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