29 DE SETEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
TRANSPARÊNCIA REFORÇADA
Transparência nunca é demais. Mesmo que já tenham sido rebatidas diversas vezes todas as suspeitas infundadas contra o sistema eleitoral brasileiro, é sempre válido reforçar a translucidez das urnas eletrônicas e da soma dos votos. Foi com este espírito que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, ciceroneou ontem um grupo de representantes de partidos, de entidades que usualmente fiscalizam os pleitos e de membros de missões internacionais de observação em uma visita à Seção de Totalização (Setot), o ambiente que já foi indevidamente chamado de sala secreta.
Participaram do encontro enviados de siglas como União Brasil, PTB, PDT, PT e PL. É positivo que o PL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, tenha sido representado pelo próprio presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, que assim pôde tirar qualquer dúvida porventura existente. Na saída, o dirigente disse a repórteres que cobriam o evento que, de fato, não existe nada na sala que possa escapar ao escrutínio público. Também foram convidados a comparecer o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e enviados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Procuradoria-Geral Eleitoral, da Controladoria-Geral da União (CGU) e de comissões estrangeiras.
Causa estranhamento, no entanto, que ainda ontem o PL tenha divulgado documento colocando em dúvida a segurança dos sistema eleitoral, mas outra vez sem qualquer prova ou indício consistente. Apenas ilações irresponsáveis. Por emissários, o presidente do partido avisou que não corrobora com as afirmações da suposta auditoria.
A chamada sala de totalização, onde trabalham 20 servidores da área de TI do TSE, é um ambiente com computadores, claro e aberto, destinado a monitorar os sistemas e receber as informações de boletins das urnas para a soma dos votos. Os funcionários ali instalados não têm como modificar qualquer dado. É um local sempre franqueado às entidades fiscalizadoras nas eleições, o que ocorrerá outra vez a partir das 16h30min de domingo.
A visita de ontem, em qualquer eleição anterior, teria passado despercebida. Afinal, até agora, após 26 anos do uso das urnas eletrônicas, nunca existiu tamanha campanha para desacreditar o sistema brasileiro, que já comprovou ser seguro, transparente e auditável, capaz de expressar de forma precisa e ágil a legítima vontade do eleitor. Assim, é conveniente aproveitar toda oportunidade para demonstrar e explicar detalhadamente como ocorrem a votação e a totalização. Nos últimos meses, o TSE e os tribunais regionais eleitorais foram incansáveis em prestar esclarecimentos e, a seu tempo, receber e usar contribuições que fortalecessem ainda mais o sistema.
O país está a três dias do primeiro turno de uma eleição tensa. É de se esperar que os eleitores possam ir em paz às urnas no próximo domingo para exercer a cidadania e votar livremente. Esse novo gesto do TSE, dos partidos e de outras entidades fiscalizadoras, reforçando a credibilidade da Justiça Eleitoral, pode dar uma contribuição a mais para ajudar no apaziguamento dos ânimos. Será positivo se for preservado o entendimento institucional e a maturidade demonstrados no encontro de ontem e que novas tentativas de descrédito sejam firmemente repelidas.
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