28 DE SETEMBRO DE 2022
+ ECONOMIA
Mercado assiste à eleição impávido
A alta de 2,5% do dólar, na segunda-feira, teve mais componente externo do que relacionado à eleição, embora a aparente quebra da expectativa de que Henrique Meirelles fosse o "Posto Ipiranga" de Lula possa ter contribuído. É uma situação que destoa das habituais oscilações bruscas no mercado financeiro em campanhas eleitorais. Ontem, a moeda americana fechou quase estável, em R$ 5,377.
Boa parte dos analistas atribui a relativa calmaria à confiança de que nenhum dos candidatos fará "bobagem" na economia. Mas a coluna foi buscar mais detalhes desse novo comportamento do mercado com quem está mais perto desse pulso sempre oscilante.
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim:
"O mercado usou o tempo todo a avaliação de que, quem quer que seja o próximo presidente, não haveria descontinuidade de políticas, rupturas de regras, um pouco porque tem sido essa nossa experiência nas últimas oito eleições. Houve transições políticas sem rupturas. Minha preocupação era mais do ponto de vista de gestão fiscal, por conta da dívida, mas aí também prevaleceu a ideia de que não vai haver grandes modificações em relação ao governo atual. A leitura do mercado é de que nada muda na economia, independentemente da transição política. Talvez seja sinal de amadurecimento institucional do país, ou talvez alguma miopia dos analistas em relação aos riscos efetivos. Mas o fato é que o mercado não viu como precificar risco de ruptura e ficou guiado pelo risco externo."
André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton:
"Nessa eleição, há dois candidatos muito conhecidos, um é presidente, outro é ex, todo mundo sabe como são. Só isso já tira dúvidas do ar. Outra questão é que os preços dos ativos já estão no lugar certo. Na verdade, estão baixos. A bolsa está em patamar baixo, o juro está alto. Isso faz com que haja mais espaço para cima do que para baixo. A combinação de candidatos conhecidos com preços já adequados evita que haja mais ruídos. Só que está no meio de uma situação em que há muita dúvida lá fora também, o que mexe com o humor."
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating:
"Esperava-se que, mais perto das eleições, com pesquisas mais definidas, houvesse mexidas, em particular no câmbio. Mas fatores extra-política, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, inflação e juro na Europa e nos Estados Unidos, acabaram se sobrepondo às questões internas. Talvez porque a política já esteja quase dada. O candidato de esquerda declara que não deve cumprir teto de gastos, que vai rever gastos e aumentar o papel do Estado, e o de direita diz que vai manter o liberalismo econômico, que é mais para inglês ver. Mas há menos ruído político no campo econômico do que eu esperava."
empresas e 5 mil empregos é o alvo do Parque Tecnológico Prado, em Gravataí, até 2030. Ontem, começou a operar o conselho estratégico com quádrupla hélice (público, privado, educação e terceiro setor).
Nenhum comentário:
Postar um comentário