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Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 9 de setembro de 2022
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09 DE SETEMBRO DE 2022
CELSO LOUREIRO CHAVES
Philip Glass
Ouvir a Sinfônica de São Paulo tocar Floresta Villa-Lobos é uma felicidade. Setenta minutos ininterruptos de música, imaginados para um concerto no Carnegie Hall. Tudo em torno de Villa-Lobos, mas não só: Tom Jobim também comparece, assim como o decano da música brasileira de concerto, o catarinense Edino Krieger, e Almeida Prado, compositor que não está mais conosco. O registro do concerto vale a visita no YouTube.
Pois lá a folhas tantas, a Osesp mergulha em duas peças de Águas da Amazônia de Philip Glass. São só cinco minutos de música, retirados de uma composição que começou como música de balé, foi dada de presente para o grupo mineiro Uakti, circula como peça para percussão, mas também existe num arranjo para sinfônica. Nesta versão, bem que a música de Glass se aproxima de... Villa-Lobos.
É raríssimo uma orquestra brasileira tocar Philip Glass. Uma vez, quando observei isso para músicos de orquestra, os argumentos "do outro lado" (o lado de quem toca) vieram firmes e fortes. A música de Glass seria um tormento para os instrumentistas, por causa das inúmeras, quase infinitas, repetições. É um labirinto do qual, dependendo do nível de (des)atenção, não se sai mais.
Eu já tinha conversado com Glass sobre isso e ele observou que, se a atenção não for mesmo total, o tropeço é certo. Não lembro se a respeito de uma ópera ou do concerto para violino, ele contou a história de músicos em lágrimas, depois de fazer pouco da partitura achando que era fácil de tocar. É verdade: quando toquei as Metamorfoses de Glass num recital, o pânico parecia estar logo ali.
Mas isso foi antes. A técnica instrumental e o domínio da concentração de performance vão se ampliando com o tempo. As gravações da música de Stravinsky feitas nos 1920 são dolorosas na descoordenação - eram coisas quase impossíveis de tocar. Hoje já não. As orquestras teimaram em aprender, os regentes em reger. Isso foi com Stravinsky, lá atrás.
A mesma coisa talvez esteja acontecendo agora com Philip Glass. Música que já foi árida de tocar, agora começa a se transformar em feijão com arroz. Repetir a mesma coisa (aparentemente) durante horas é quase corriqueiro. Assim, as sinfonias de Glass continuam estreando uma após a outra e as óperas entraram no mainstream. Tudo indica que, agora, tocar Glass está começando a ser o novo normal. Os cinco minutos de Floresta Villa-Lobos que o digam.
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