21 DE SETEMBRO DE 2022
CAMPO E LAVOURA
O que fez a indústria de máquinas agrícolas desafiar a queda do PIB Lado a lado
Diretamente ligadas à produção agropecuária, as fabricantes de máquinas e implementos do Rio Grande do Sul foram uma exceção aos rastros de perdas deixadas pela quebra de safra. No 2º trimestre, o segmento registrou alta de 15,6% na produção industrial em relação a igual período de 2021, apontam os dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento. Com um detalhe importante: a base de comparação elevada.
- É um crescimento em cima de um crescimento grande - reforça Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
No 2º trimestre de 2021, o segmento deu um salto de 51% sobre igual período do ano anterior. A supersafra então colhida foi um dos ingredientes dessa expansão. Em 2022, o avanço veio apesar da quebra de safra. O motivo?
- Essa seca foi diferente das outras, pegou nosso produtor capitalizado. Outra coisa foi o crescimento da agricultura no Brasil. São novas fronteiras, que precisam de máquinas - pontua o dirigente.
A desconcentração geográfica das compras é pontuada também pelo Painel do Agronegócio, análise conjuntural do DEE. "Se fortalece a percepção de que o avanço da indústria gaúcha de máquinas e equipamentos está cada vez mais atrelado ao desempenho da agricultura nacional", destaca a avaliação.
No documento, pondera-se ainda que "o aumento da distância em relação aos consumidores finais não implicou redução da importância do Estado na produção nacional de máquinas agrícolas".
Conforme Bier, o Estado responde por 65% do volume total do país. Há de ser considerado ainda no desempenho do setor o dinamismo da inovação tecnológica. Com produtos mais eficientes, a troca de um equipamento pode levar a outras necessidades. O presidente do Simers explica:
- Há 10 anos, uma colheitadeira colhia mil sacas por dia. Hoje, são seis mil sacas. Tem de ter uma estrutura de apoio por trás. Precisa de mais carretas, mais silos.
São fatores que ajudam a entender números como os da Expointer, com R$ 6,6 bilhões em propostas encaminhadas. E que faz a maioria das indústrias do setor estar com a carteira de pedidos lotada até o final do ano, segundo o dirigente.
O município gaúcho de São Gabriel, na Fronteira Oeste, é um dos três selecionados para colocar em campo um conjunto de boas práticas agrícolas que permitam uma convivência harmoniosa entre áreas de produção de soja e de mel. O projeto que será testado também em Maringá, no Paraná, e em Dourados, no Mato Grosso do Sul, é uma iniciativa de Embrapa e Basf. A escolha dos municípios foi feita com base na representatividade da produção do grão.
A ideia é testar - e encontrar - até 2025 o manejo mais adequado para que se evite a repetição de casos de mortandade de abelhas. Nos registros do Rio Grande do Sul, boa parte das ocorrências está associada ao uso incorreto do inseticida fipronil. As práticas validadas farão parte de uma cartilha para ser distribuída em todo o Brasil.
- A fronteira agrícola da soja seguirá avançando. Precisávamos achar um meio termo para que todos possam sair ganhando - justifica Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa Soja, de Bagé.
Para ele, a iniciativa tem tudo para dar certo:
- A soja é uma fonte de néctar muito importante e floresce em uma época em que há poucas plantas florindo. Próximo de uma lavoura do grão, o apicultor poupa alimento artificial e ganha muito mel. E o produtor de soja pode aumentar de 10% a 18% a produtividade só pela polinização dos insetos.
Para validar as práticas, serão selecionados grupos de produtores com até cinco apiários e sojicultores em áreas próximas. Haverá reuniões de acompanhamento das ações, monitoramento da aplicação de pesticida e treinamento. O acordo de cooperação técnica foi assinado em agosto. A iniciativa partiu da Embrapa, e a Basf é a principal financiadora do projeto.
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