Quanto tempo estamos dispostos a dedicar ao trabalho?
Tenho a sensação de que nunca surgiram tantos termos inusitados - e em tão pouco tempo - para designar fenômenos do mundo do trabalho. Pode parecer apenas modismo, mas tem algo mais aí.
Há alguns meses, a expressão da vez era a "grande renúncia", ou "great resignation", como foi chamada a onda de desligamentos voluntários que começou nos EUA. Agora, o mote é a "demissão silenciosa", ou "quiet quitting", que anda reverberando na mídia, nas redes sociais e nas mesas de bar. A expressão define a opção por trabalhar apenas o necessário - sem excessos e sem culpa.
Estamos falando, é evidente, de uma parcela ínfima da população, que pode se dar o luxo de fazer escolhas. Ainda assim, esse movimento merece atenção, porque envolve mão de obra qualificada e, via de regra, jovem - os famosos "cérebros" a reter.
Com a pandemia, muitos repensaram a vida. Afinal, quanto tempo estamos realmente dispostos a dedicar ao trabalho? Até onde deve ir o limite entre o pessoal e o profissional? Vale a pena ser um "trabalhador compulsivo"?
A geração Z (pessoas nascidas a partir de 1995) não vê mais o modelo tradicional - que marcou a trajetória de seus pais - como ideal de vida. Até os millenials (que vieram ao mundo entre 1981 e 1995) estão submergindo em questionamentos do tipo, após crises de esgotamento (a famosa síndrome de Burnout).
Tanto a grande renúncia quanto a demissão silenciosa são produtos dessa insatisfação coletiva. O desafio, agora, é encontrar o meio-termo entre o mal-estar difuso (mas potente) experimentado pelas novas gerações e o que empresas e empregadores buscam. E não, não será uma tarefa fácil.
Recepção calorosa e poliglota
Um dos pontos fortes do Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, a gente já sabe: é a hospitalidade gaúcha. Mas, no piquete Trio da Canha, a turma se superou. Quem chega ao local, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, dá de cara com três placas em madeira, escritas à mão, desejando boas-vindas em diferentes línguas. Os avisos informam ainda que ali se fala espanhol e inglês.
A ideia partiu do chef (e bodegueiro) José Luiz Fernandes, o Carreirinha, que viajou o mundo cozinhando.
- Sou fluente nas duas línguas e achei que seria legal destacar isso, até como forma de inclusão. O pessoal gostou da ideia, e a minha mulher pintou os letreiros. Esses dias, até já recebemos um gringo - conta Carreirinha.
O espaço também recebeu rampa para cadeirantes - tudo para receber bem os viventes.
- Nosso maior objetivo é transmitir uma energia boa para as pessoas. Queremos que todos se sintam acolhidos - diz Jailton Fernandes, irmão de Carreirinha e patrão do piquete.
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