04 DE AGOSTO DE 2020
DISTANCIAMENTO SOCIAL
Estimativa aponta que 700 academias fecharam
Avaliações de empresários apontam que, quando a rotina retomar a normalidade e os decretos liberarem o funcionamento, nem todas as academias de ginástica estarão abertas, aguardando o retorno de alunos.
No Rio Grande do Sul, o Comitê de Crise da Educação Física, movimento que reúne seis entidades do setor, calcula que ao menos 20% das unidades já sucumbiram à pandemia, encerrando atividades nos últimos quatro meses.
Em números absolutos, o índice representa mais de 700 centros de treinamento - segundo o Conselho Regional de Educação Física (Cref), havia, antes do coronavírus, 3,8 mil estabelecimentos abertos no Estado. O comitê calcula que outros 700 deverão fechar até o final do ano, devido ao acúmulo de despesas e a ausência de receitas.
Entre as unidades fechadas, estão academias tradicionais de Porto Alegre, como a Alternativa, em funcionamento há 17 anos na Rua da República, no bairro Cidade Baixa. O antigo proprietário, Ricardo Paranhos, entregou o prédio de 750 metros quadrados à imobiliária em 25 de abril, demitindo quase uma dezena de funcionários e colocando equipamentos à venda.
- Quem sobreviver a esse momento sairá mais forte, porque, certamente, muitos terão abandonado o mercado - diz o Paranhos.
Convicção
Embora frustrado, afirma ter tomado a decisão acertada para ao menos conseguir manter a outra unidade da rede, no bairro Santana, em atividade.
O conhecido competidor de levantamento de peso na cidade, Roberto da Silveira, chamado de Miudinho, seguiu caminho semelhante. Há um mês, descontinuou uma das quatro academias que levam seu nome, na Avenida Doutor Flores, no Centro Histórico.
Miudinho inaugurou sua primeira unidade na Capital há 30 anos e passou por outras crises econômicas. Mas, para ele, nenhuma nessas dimensões:
- Meu filho me disse uma frase que me marcou e estou me segurando nela. "Todo fim tem um recomeço". Tenho certeza que vamos sair dessa. Só não sei quando.
Após serem fechadas, na segunda quinzena de março, seguidas de breve período de reabertura, em maio, as academias estão impossibilitadas de funcionarem desde 5 de julho em Porto Alegre. Já nos municípios classificados pela bandeira vermelha que estão acompanhando as normas estaduais, podem funcionar, desde que com aulas individuais e mantendo o distanciamento de ao menos 16 metros quadrados por pessoa.
Enquanto isso, professores se adaptam aos atendimentos online para assegurar alguma renda no final do mês. O treinador Pedro Henrique Nascimento, por exemplo, tem conduzido ao menos duas aulas virtuais por dia desde abril, quando decidiu, ao lado de seus dois sócios, pelo fechamento do Studio Flex, no bairro Bela Vista, que tinha cinco anos e 80 alunos.
- Me senti frustrado de não conseguir manter aberto um espaço que era meu - lamenta o treinador.
O Comitê de Crise busca promover exercícios físicos a atividade essencial no Estado - um projeto de lei tramita, desde o final de junho, na Assembleia Legislativa.
- Todos os dias recebemos relatos de academias que estão fechando - aponta Alessandro Gamboa, vice-presidente do Cref, que está à frente do comitê.
Na crise, ainda nasceu a Associação das Academias Gaúchas Unidas, que, em junho, capitaneou protesto em frente ao Piratini. O diretor da entidade, Samuel Dummer, proprietário da Práxis Academia, defende o funcionamento das empresas para o controle de outras doenças que, associadas à covid-19, podem ser fatais, como a obesidade e a hipertensão.
DÉBORA ELY
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