sábado, 7 de agosto de 2021


07 DE AGOSTO DE 2021
+ ECONOMIA

"O empresariado não está mais alinhado ao presidente"

O economista Alexandre Schwartsman integra o Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP), onde nasceu o manifesto Eleições Serão Respeitadas, em reação às ameaças ao pleito feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. Conforme Schwartsman, a ideia partiu do ex-presidente do Banco Central no governo Temer, Ilan Goldfajn. Na sexta-feira, o número de apoiadores passava de 17 mil.

- Há tempo que o grupo demonstra insatisfação com a postura do presidente. As ameaças à ordem democrática foram a gota d?água. O peso do número é maior no PIB do que na população, o que é bom, porque ajuda a desmitificar o apoio de empresários. Crescentemente, o empresariado não está alinhado ao presidente.

Informado pela coluna de que os apoiadores do manifesto têm sido chamados de "comunistas", "esquerdopatas" e caracterizados como um grupo de beneficiados nos governos petistas, Schwartsman lembra:

- Um dos motivos da minha demissão do Santander foi a crítica, especialmente a Guido Mantega e ao pessoal que o cerca, também responsáveis pela situação em que o país está hoje.

Schwartsman afirma que o rumo da economia preocupa. Uma das causas da inflação, detalha, é a alta do dólar. Historicamente, quando os preços globais das matérias-primas sobem, como agora, o real se valoriza em relação ao dólar, porque o Brasil é um exportador de commodities. Só que isso não está acontecendo desta vez.

- Há forças na direção oposta, percepção de descontrole, resultado de incompetência e limitações impostas pelo presidente, que foi sindicalista de militar por 30 anos, nunca acreditou em reformas liberais. Depois da Previdência, nada mais se fez. A administrativa é ruim, só melhora em 30 anos, e a tributária é um caso de psicanálise. Havia um projeto benfeito, com apoio dos governadores. Sem mexer no ICMS, o resto vira band-aid.

Na visão de Schwartsman, falta "sentido de propósito" ao governo. Só o que importa é a reeleição, afirma:

- Se faz tudo para gastar mais em programas sociais. Seria bom, mas o objetivo é só alavancar a popularidade do presidente. Não é assim que se faz política econômica.

MARTA SFREDO

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